Eles estão por toda a parte. Os robôs, que até alguns anos atrás estavam presentes apenas em grandes indústrias ou na ficção científica, agora fazem parte do dia a dia nos mais variados setores. Inclusive na fiscalização dos gestores públicos. Desde o fim do ano passado, o Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) utiliza uma plataforma de inteligência artificial para analisar os processos licitatórios de órgãos da administração pública paranaense. Com a tecnologia, é possível acompanhar esses procedimentos de perto e detectar problemas com mais rapidez.
A plataforma integrada de Robotic Process Automation (RPA), ou automação de processos robóticos, foi adquirida pelo TCE em novembro do ano passado, pelo valor de R$ 1,6 milhão, entre equipamentos, treinamento de servidores e suporte técnico. A ferramenta permite a extração e aplicação de inteligência analítica de dados, e está sendo usada, primeiramente, para acompanhar os editais de licitação do governo estadual e das prefeituras.
O robô funciona da seguinte maneira: numa primeira fase, ele vai permitir a extração de avisos de licitação publicados em diários oficiais eletrônicos e outros portais. Também poderá obter informações e documentos de licitação dos portais da transparência mantidos pela administração direta na internet.
A partir disso, a ferramenta tem condições de organizar os documentos extraídos, converter em texto documentos de imagem, transformar documentos em metadados, armazenar informações no banco de dados do tribunal, categorizar os dados e subsidiar sites e e-mails de alerta, para demonstrar inconformidades detectadas.
“Podemos dizer que a nossa capacidade de identificar e analisar inconsistências nos editais lançados pelos órgãos jurisdicionados dará um grande salto de qualidade com esta aquisição”, afirmou Rafael Gonçalves Ayres, coordenador geral de Fiscalização do TCE-PR. “O foco vai ser na extração e aplicação de inteligência analítica de dados, uma tecnologia inovadora, que vem apresentando excelentes resultados em vários campos e que será de grande auxílio no controle do gasto público no Paraná.”
O objetivo do tribunal, em uma segunda etapa, é ampliar o uso do robô. Entre as possibilidades estão a construção de modelos de análises preditivas de editais e a extração de outras informações, como folhas de pagamento, diárias e a transparência dos portais. Também existe a expectativa de ampliação do escopo para os portais das câmaras de vereadores, dos consórcios públicos e órgãos da administração indireta. Outros tribunais de contas, como os de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pará, já utilizam robôs na fiscalização de órgãos públicos.
Fonte: Gazeta do Povo