Certificado de Reconhecimento
Projeto Piloto Cisterna Rurais
Ano / Edição: 2017
Município: Marechal Cândido Rondon
Função de Governo: Saneamento
Administração Indireta:
Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE
Diagnóstico
Marechal Cândido Rondon - PR, possui sua base econômica voltada principalmente na agricultura e na agropecuária, atividades que demandam grandes volumes de água. O abastecimento de água em toda área do município (urbana e rural) é de responsabilidade do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE, sendo um dos poucos municípios no estado do Paraná que conta com sistema de distribuição em 100% do município, levando água potável a toda população. Porém, o problema de escassez de água doce é uma realidade cada vez mais presente em várias partes do mundo. Até mesmo lugares, ou regiões de determinados países, onde a carência de água normalmente não é um problema, também sofrem em algumas épocas do ano com períodos de estiagem. A ausência sistemática desse recurso natural é cada vez mais preocupante, principalmente em áreas onde a produção agropecuária é intensa. Não livre destas dificuldades o município rondonense através da produção intensiva em agricultura e agropecuária principalmente no tripé: bovinocultura de leite, suinocultura e avicultura, todos com consumos de água elevados para obterem resultados satisfatórios, percebeu que em certos períodos do ano devido a baixa precipitação pluviométrica, em contrapartida com a grande demanda de água, alguns produtores encontravam dificuldades na sua produção, e mesmo com a rede distribuição instalada, a mesma não era suficiente para atender a demanda de água para todos os produtores. Assim, através de estudos sugeriu-se um projeto piloto, através da implantação de cisternas enterradas, revestidas e cobertas em geomembrana de alta densidade, e que podem armazenar água da chuva em períodos chuvosos do ano para serem utilizados em épocas de escassez. Deste modo o SAAE em parceria com a Itaipu-Binacional, tem procurado estimular a prática junto aos produtores rurais do município afim de encontrar soluções viáveis economicamente, ambientalmente correta e socialmente justas que são a base do termo "sustentabilidade" e ainda que possam ser replicadas em outras propriedades com o objetivo de atenuar ou até resolver o problema da escassez hídrica.
Descrição
A água é um componente essencial para a sobrevivência humana e animal, sendo um recurso limitado, portanto, deve ser usada de forma racional. O elevado consumo de água nas regiões de produção intensiva, aliado à falta de programas de gestão da água, vem reduzindo sua disponibilidade, principalmente as de fontes subterrâneas. A captação e o armazenamento da água de chuva são uma ótima alternativa para minimizar o problema de estiagens severas em algumas épocas do ano. Para utilização desta água, devemos prestar atenção em dois aspectos principais: se a mesma for utilizada para o consumo animal, ela deve ser analisada e receber tratamento adequado que garanta sua qualidade; se for utilizada para outros fins (por exemplo, lavagem de chiqueiros, carros, na lavagem de calçadas, ou na irrigação pequenas hortas ou jardins) seu tratamento é mínimo, e não necessita de análise de qualidade mais superficiais.
O município rondonense apresenta forte exploração de atividades agroindustriais baseadas na bovinocultura de leite, avicultura e suinocultura, necessitando assim de grande aporte hídrico para abastecimento da produção. Em contrapartida, as extensas áreas dos telhados dos abrigos da produção agroindustrial evidenciam uma importante possibilidade de captação de águas pluviais, tendendo a diminuir a exploração dos recursos hídricos e a escassez para o consumo humano. Contudo, muitos produtores do meio rural encontram dificuldades para dimensionar sistemas de captação mais adequados as suas respectivas realidades. Cabe salientar também a importância da captação da água da chuva com o intuito de preservar os recursos hídricos que são explorados para fins que não exigem sua potabilidade, destacando que essa água pode servir para usos menos nobres, principalmente na produção de animais que necessitam de uma grande quantidade de água não só para consumo como também para refrigeração, limpeza, entre outros. Por fim, pode-se relatar que toda forma de preservação da água é importante, salientando que a água da chuva é uma alternativa para reduzir os impactos às fontes disponíveis.
As constantes estiagens que ocorrem no oeste do Paraná, notadamente na região de Marechal Cândido Rondon, têm mostrado a fragilidade do sistema de abastecimento existente e causando prejuízos significativos para a sociedade, pois resultam no aumento dos custos de captação, transporte e tratamento da água para a manutenção da produção, por vezes, ocasionando perda da eficiência produtiva.
O município de Marechal Cândido Rondon conta com 100% de abastecimento de água na zona rural. São 42 sistemas implantados perfazendo um total de 1871 propriedades abastecidas com água tratada. O Sistema conta com 1923 ligações de água somando um total de 713.387 metros de rede de água abastecendo uma população estimada de 6.086 pessoas. A base de subsistência dessas propriedades e praticamente o cultivo de grãos e atividades com suínos, bovinos e aves, principalmente por se ter instalado no município, grandes empresas de suinocultura, frigorífica de aves e de beneficiamento de leite. Diante destas dificuldades em 2014, o SAAE buscou formatar uma parceria com a ITAIPU-BINACIONAL, através do programa cultivando água boa. Programa este que estimula a prática de atividades sustentáveis dentro dos municípios lindeiros ao lago de Itaipu. Desta forma sugeriu-se em comum acordo entre as partes que seriam implantados três sistemas de coleta e captação e armazenamento de água da chuva. Definiu-se que o volume a ser armazenado seria de 500 mil litros de água. Este volume supriria a demanda que as propriedades necessitam nos períodos de estiagem. Os critérios para a escolha das propriedades beneficiadas forma feitas através de equipe técnica do SAAE e também técnicos da Cooperativa Agroindustrial COPAGRIL, avaliando itens como por exemplo: Demanda hídrica diária da propriedade Versus Disponibilidade; Cumprimento da legislação Ambiental (IAP/SEMA); Conscientização Ambiental dos produtores; entre outros. Isto posto criou-se dotação orçamentaria para aportar tal recurso através de lei municipal especifica: 4.667 de 02 de Julho de 2014, na sequência formatou-se o processo licitatório para contratação da empresa para execução das obras. A empresa vencedora foi a LJS Soluções Ambientais de Nova Itaberaba-SC. O inicio das obras deu-se em Março de 2015 findando em Junho do mesmo ano. (segue anexo todo processo)
Objetivos
Gerais:
Este trabalho tem por objetivo a implantação de três sistemas de aproveitamento da água da chuva com a captação e armazenamento (cisternas) através das coberturas existentes nas propriedades afim de diminuir a exploração o dos recursos hídricos subterrâneos no meio rural. As Atividades analisadas são: avicultura e suinocultura observando a quantidade e a qualidade da água captada na propriedade.
Específicos:
Aproveitamento da água da chuva;
Fomentar práticas sustentáveis;
Aproveitar o uso de água da chuva para fins menos nobres (limpeza de granjas, irrigação etc.)
Estimular a conscientização da importância dos recursos hídricos na produção agropecuária.
Metas a atingir:
Implantação de três cisternas revestidas em geomembrana e com capacidade unitária de 500.000 litros, no município de Marechal Cândido Rondon - Paraná.
Cronograma
Físico:
Anexo
Financeiro:
Anexo
Orçamento:
Para as atividades descritas no Orçamento Estimado, a composição do custo unitário tem como base os valores referenciais da Tabela do Informativo SBC do mês de março de 2014 e do SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil Caixa Econômica Federal) / março de 2014.
Beneficiários Diretos:
Três Produtores
Ademar Hofftetter: Linha Eldorado Distrito de São Roque
Adriana Kunz: Linha Ajuricaba
Heriberto Conrat: Distrito de Iguiporã
Beneficiários Indiretos:
Todos os usuários das Linhas Rurais ao qual cada produtor pertence.
Resultados:
A primeira cisterna inaugurada foi em Iguiporã, no dia 22 de julho de 2015. A propriedade é de 6 alqueires e tem como atividade principal a suinocultura, com capacidade de alojamento para 2.500 suínos em fase de creche, os quais permanecem na propriedade por aproximadamente 45 dias, totalizando entre 7 e 8 plantéis por ano. O casal também tem 22 vacas leiterias, o que rende mais ou menos 350 litros de leite por dia, o qual é entregue para uma empresa coletora da região. Nessa propriedade rural, não há funcionários, são os proprietários que realizam todo o serviço e, apontam como maiores gastos na propriedade a compra de venenos para o plantio.
A propriedade não contava com abastecimento de água do SAAE, o aporte hídrico da propriedade contava com um poço artesiano, o qual gerava uma despesa significativa com energia para bombear água, um dos fatores relevantes com a implantação da cisterna, que necessita bem menos energia. Poucas vezes a cisterna ficou com pouca água, em época de escassez das chuvas, nesse momento fez o uso do poço artesiano. Os proprietário citam que sua maior economia com a instalação da cisterna foi com a energia, isso porque não tinha custo de água com o SAAE. Aponta principalmente a viabilidade ambiental, com o aproveitamento de uma água que acabava se perdendo, e que agora é utilizada de for ma responsável e sustentável.
Na propriedade da Linha Ajuricaba, com área de 12 hectares, dos proprietários, Heitor e Délcia Osterkamp, que possuem além de granja de suínos, com aproximadamente 800 suínos de engorda por plantel, uma granja de aves, com mais ou menos 15.000 cabeças. Eram inúmeras as ligações no SAAE, por falta de água. O proprietário desejava que fosse perfurado mais um poço, mas através de estudos técnicos e visitas ao local, foi comprovado que essa não seria a melhor solução, foi então que surgiu a ideia de implantação de cisternas. A partir daí, houve uma série de levantamentos, pesquisas, estudos apontando para instalação de uma cisterna.
A propriedade localizada em São Roque é de aproximadamente 30 hectares, e nela a atividade principal é a suinocultura na categoria Unidade Produtora de Leitões (UPL), com 1.200 matrizes, que produzem em torno de 12.000 mil leitões. Dos 30 hectares, utilizam mais ou menos 10 hectares para o plantio de soja e milho. Ou seja, a renda maior vem da suinocultura e uma pequena parte da agricultura convencional. Moram na propriedade o casal com dois filhos casados, um genro, uma nora e o neto, que também ajudam nas tarefas, os quais tem total interesse em dar continuidade no trabalho dos pais. O consumo de água na propriedade é de aproximadamente 50m3 dia, porque a água da cisterna é utilizada exclusivamente para limpeza da granja, uma vez que o poço artesiano atende a necessidade diária de consumo para os animais. Como ele utiliza a água da cisterna somente para limpeza, então não houve problemas com a falta de água.
Segundo relato do proprietário a principal vantagem com a implantação da cisterna é a utilização de uma água de menor qualidade para ser utilizada na limpeza, ou seja, é a vantagem ambiental. Uma vez que se não fosse coletada pela cisterna essa água iria escorrer pelo pátio da propriedade causando erosão de solo, assoreamento de uma sanga que passa nos fundos da propriedade e até uma possível eutrofização (contaminação) dessa água.