Certificado de Reconhecimento
Projeto CEREJA – Centro Regional de Educação de Jovens e Adultos – Porque ser EJA é um direito
Ano / Edição: 2016
Município: Curitiba
Função de Governo: Educação
Diagnóstico
A partir de dados do Censo Demográfico 2010 realizado pelo IBGE a assessoria de estatística da Secretaria Municipal da Educação desenvolveu um mapeamento doa analfabetos residentes em Curitiba. O estudo aborda quatro níveis de visualização das informações: geral de Curitiba, pelas nove regionais, por bairro e setor censitário . Em todas elas é possível estabelecer grupos por meio da divisão de idade e gênero das pessoas não alfabetizadas.
Curitiba é uma das capitais com menor taxa de analfabetismo. São 2,1% da população de 15 anos ou mais de idade que não saber ler e escrever. Significa dizer que das 1.401.324 pessoas, 29.828 não são alfabetizadas.
Mais da metade das pessoas não alfabetizadas tem idade acima de 59 anos. Quanto ao gênero, a maioria dos analfabetos são mulheres. Elas representam 65% do total. Considerando o gênero com as faixas etárias, a predominância é maior entre as mulheres com 60 anos ou mais de idade que correspondem a 37% do total de analfabetos.
Os núcleos regionais com as maiores taxas de analfabetismo são Bairro Novo e Cidade Industrial (3,4%), seguido do Pinheirinho (3,2%). Considerando a faixa etária de 60 anos ou mais, os três núcleos também são os que apresentam as maiores taxas.
Com o mapeamento foi possível chegar as regionais com as maiores concentrações de pessoas analfabetas. Chama a atenção a alta concentração na Cidade Industrial (4.756), Cajuru (4.394) e Pinheirinho (4.087).
Os bairros com maior concentração de analfabetos são Cidade Industrial (4.318), Sítio Cercado (2.897), Cajuru (2.597), Tatuquara (1.725), Uberaba (1.368), Pinherinho (1.183) e Boqueirão (1.080). Nestes sete bairros se concentram aproximadamente 30% da população de Curitiba, com 15 anos ou mais de idade, e quase a metade das pessoas não alfabetizadas.
O mapeamento aponta os locais da cidade onde são necessárias medidas e investimentos para a alfabetização de jovens e adultos. A divisão da cidade em 2.395 setores censitários permite visualizar no mapa da cidade as áreas com concentração de pessoas que precisam de escolarização.
Descrição
Para o estabelecimento de objetivos e contextualização deste projeto, realizou-se consulta pública com a comunidade escolar e local, para diagnóstico das necessidades, possibilitando um maior envolvimento e participação democrática. Portanto, está implícita a oferta de um trabalho de excelência, em que cada centro tenha como gestor um coordenador empenhado em trabalhar com ideias inovadoras; espaço físico adequado e concentre diferentes demandas e serviços com turmas organizadas de acordo com o perfil do público (jovens, adultos, idosos, portadores de necessidades especiais), ou seja, salas para atender EJA Fase I e II, PROJOVEM, APEDS (Ações Pedagógicas Descentralizadas); salas de aula com equipamento multimídia: projetor, som, TV, computador; quadra de esportes; sala de informática; biblioteca; equipe pedagógica e docente dos diferentes componentes curriculares; docentes e sala equipada para atender aos filhos dos estudantes (salas de acolhimento); cursos diversos (profissionalizantes, geradores de renda, entre outros); profissionais de empresa alimentícia para servir o lanche; profissionais para a limpeza do prédio.
O Projeto CEREJA pensou nestes centros, como política educacional voltada a jovens, adultos e idosos, para ampliar a estrutura da EJA e possibilitar maior acesso à escolarização. Para além do acesso, há a preocupação em promover a permanência e a continuidade dos estudos. Por isso, os CEREJAs contemplam todas as especificidades possíveis encontradas na educação de jovens e adultos: EJA fase I (1º ao 5º ano); EJA fase II (6º ao 9º ano); PROJOVEM Urbano (Programa Nacional de Inclusão de Jovens entre 18 e 29 anos, possibilitando escolarização de todo o ensino fundamental, participação cidadã e qualificação profissional); Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio através das APEDs (Ações Pedagógicas Descentralizadas) em convênio com a Secretaria de Educação do Estado. Pensando na qualidade do atendimento, os CEREJAs proporcionam o acesso a diversas ações/atividades disponíveis no município e importantes ao público jovem, adulto e idoso a que se destina. Tais ações ocorrem através de parcerias com outras secretarias e/ou órgãos municipais que levam ao público da EJA diversas atividades, informações e serviços. Ações como o SINE Móvel; palestras da Secretaria Extraordinária da Mulher, da Secretaria do Trabalho e Emprego e da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) levando informações sobre direitos previdenciários e trabalhistas, entre outros; cursos de qualificação profissional promovidos pela FAS (Fundação de Ação Social) através do PRONATEC e Rede Mobiliza; atividades culturais promovidas pela Fundação Cultural de Curitiba. O diferencial na proposta destes centros regionais está na inserção da sala de acolhimento, espaço que promoveu a permanência dos/as estudantes nas turmas, tendo em vista que permite que os/as mesmos/as possam deixar seus/as filhos/as sob os cuidados de um educador enquanto estudam. A sala de acolhimento proporciona um ambiente pedagógico agradável e lúdico acolhendo as crianças no período de aula dos seus pais.
Objetivos
Gerais:
Ampliar a estrutura da Educação de Jovens e Adultos de forma a possibilitar maior acesso à escolarização e atingir a meta prevista no Plano Nacional de Educação e o Plano Municipal de Educação que é: “Superar o analfabetismo absoluto e reduzir o analfabetismo funcional na população de Curitiba e elevar os anos de escolaridade da população”
Específicos:
1. Promover maior acesso a escolarização.
2. Ofertar as diversas especificidades da Educação de Jovens e Adultos.
3. Promover a permanência através de salas de acolhimento.
4. Implementar parcerias com outros órgãos/secretarias para oferta de outros serviços ao público jovem e adulto, promovendo qualificação profissional e participação cidadã.
Metas a atingir:
1. Promover maior acesso a escolarização -
Período: Semestral: através de divulgação da modalidade nas escolas onde ocorre o Projeto para efetivação de matrículas
2. Ofertar as diversas especificidades da Educação de Jovens e Adultos.
Período: Semestral: através da divulgação para matrícula na na especificidade que o público procura: EJA fase I (1º ao 5º ano); EJA Fase II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio
3. Promover a permanência através de salas de acolhimento.
Período: Permanente
4. Implementar parcerias com outros órgãos/secretarias para oferta de outros serviços ao público jovem e adulto, promovendo qualificação profissional e participação cidadã.
Período: Permanente
Cronograma
Físico:
Maio – 2013 • Concretização do projeto CEREJA, através de escrita de material e apresentação;
Junho - 2013 • Análise dos dados obtidos;
• Sondagem de locais com disponibilidade x necessidade, por regionais que foram pré-selecionadas;
• Levantamento de necessidades das unidades selecionadas com vistas à adequação para a proposta CEREJA.
Julho - 2013 • Ajustes nas unidades para início das atividades do CEREJA.
Agosto – 2013 • Início das atividades do projeto CEREJA, em uma das unidades selecionadas – Regional Cajuru: E. M. Senador Enéas Faria
Setembro a dezembro - 2013 • Monitoramento, análise e avaliação dos resultados obtidos;
A partir de Janeiro 2014 • Implantação do projeto CEREJA em demais unidades, de acordo com a demanda – Regional Pinheirinho: E. M. Helena Kolody e E. M. Dona Pompília – Regional Bairro Novo: E. M. Colombo
2015 • Implantação do projeto CEREJA em mais uma unidade – Regional Cajuru: E. M. Rachel Mader
2016 - 1ºsemestre • Implementação de oficinas de geração de renda nas 05 unidades dos CEREJAS
Financeiro:
Para implementação do projeto a prefeitura, através da Secretaria Municipal da Educação, utilizou recursos físicos e financeiros da própria rede: professores concursados com extensão de cargo horária (RIT – Regime Integrado de Trabalho), escolas da rede, profissionais e projetos em parcerias com outras secretarias sem ônus. Neste caso, a intersetorialidade foi o que conduziu todo o trabalho.
Orçamento:
Não houve necessidade, pois foi utilizada a estruturada já existente, tanto de recursos financeiros quanto de recursos materiais e humanos.
Beneficiários Diretos:
Público potencial da Educação de Jovens e Adultos – EJA de 03 (três)regionais de Curitiba: Regional Pinheirinho/Tatuquara (projeto implementado nas Escolas Municipais Dona Pompília e Helena Kolody); regional Bairro Novo (projeto implementado na Escola Municipal Colombo) e regional Cajuru (projeto implementado nas Escolas Municipais Enéas Faria e Rachel Mader)
Beneficiários Indiretos:
família e comunidade da qual o estudante faz parte.
Resultados:
O projeto CEREJA iniciou sua experiência piloto no mês de agosto de 2013 com a oferta de 01 Centro, na Regional Cajuru, na Escola Municipal Enéas Faria. Dando sequência ao trabalho a oferta foi ampliada a partir de janeiro de 2014 com a implantação de mais três Centros. Os novos CEREJAs foram implantados nas Regionais Pinheirinho (2 unidades) e Bairro Novo (1 unidade); Escolas Helena Kolody, Dona Pompília e Colombo, respectivamente.
No mês de agosto de 2015 ocorreu a implantação de mais uma unidade na Regional Cajuru, na Escola Municipal Rachel Mader.
Na perspectiva de resultados positivos obtidos estabeleceram-se parcerias com diferentes instituições (SESI, IFPR, UFPR, SEED, MEC,), postos descentralizados de serviços básicos referentes à emissão de documentos, entre outros, que possibilitaram a ampliação e a durabilidade dos resultados, pois por meio destas ações de política social articulada e integrada com a política educacional atendeu-se a algumas necessidades do público alvo destes centros.
Estas ações associadas à oferta das salas de acolhimento, nas quais as mães/pais podem deixar seus/as filhos/as para serem atendidos por professores no momento de suas aulas, foram organizadas visando o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, tendo como resultado o aumento significativo no número de matrículas e diminuição do índice de evasão escolar.
As salas de acolhimento integram um conjunto de medidas adotadas pela SME de Curitiba para incentivar jovens, adultos e idosos atendidos pelo CEREJA a persistirem nos estudos. É uma política que vem dando excelentes resultados. A evasão nos anos iniciais da EJA vem caindo progressivamente, era de 34% em dezembro de 2012 e em abril de 2014 caiu para 17%. As salas de acolhimento são espaços muito próximos às salas de aula dos adultos o que garante que a família possa estar reunida na escola. Como na maioria dos casos as aulas da EJA acontecem a noite, devido ao trabalho diurno dos adultos, as salas de acolhimento contribuem para incentivar às mães e pais o retorno aos estudos, pois estes não teriam com quem deixar os/as filhos/as para dedicarem-se a escolarização. A diversidade de brinquedos, o contato com crianças de diferentes idades, a afetividade, além da garantia de estar próximo aos pais tem se tornado importantes incentivadores para o aprendizado dos adultos.