Banco de Projetos

Prêmio Gestor Público Paraná

Refúgio de Vida Silvestre do Bugio

Ano / Edição: 2015
Município: Curitiba
Função de Governo: Gestão Ambiental

Diagnóstico

A cidade de Curitiba é a cidade com maior crescimento demográfico entre as capitais brasileiras. A partir de 1990, apresentou 2,6% ano e entre 2000 e 2010, um total de 10,05% de incremento populacional. Neste sentido, a distribuição espacial das Unidades de Conservação - UC não atende a expressiva parcela da sociedade situada nas regiões ao sul da cidade e que atualmente crescem demograficamente 13% ao ano. A qualidade de vida esta associada à realidade ambiental, ainda que parte da sociedade não perceba essa relação, onde a vegetação entre outros agentes desempenham funções ecológicas, econômicas e sociais, podendo significar melhoria da qualidade de vida das populações urbanas (MILANO, 1995; FUPEF, 1987). O estabelecimento do Refúgio de Vida Silvestre do Bugio incrementa em 827 hectares de área protegida, de manejo indireto, se constitui na maior área de conservação restritiva da história do município, como também a maior nacionalmente em área urbana desta categoria. A presença de espécies da fauna como o Bugio (Alouatta guariba) e a Lontra (Lontra longicaudis), indicam a sua importância para a conservação em ambiente urbano.
A sua implantação como “Corredor Ecológico”, somado a outras UC contíguas, permitirá sua gestão como mosaico de conservação, e desta forma, possibilitará que Curitiba e em especial a região Sul do município, receba e passe a pertencer como área de relevância no sistema municipal de unidades de conservação, colaborando de forma destacada no auxílio de resguardar recursos hídricos estratégicos, ecossistemas da Floresta Ombrófila Mista e a prestação de serviços ambientais para suas comunidades.

Descrição

A região selecionada para o Refúgio de Vida Silvestre do Bugio tem a responsabilidade de proteger uma das últimas áreas urbanas relevantes do município. A área de abrangência compreende o leito principal do rio Barigui, na divisa dos municípios de Araucária e Curitiba, desde a Rodovia do Xisto até a sua foz no rio Iguaçu, incluindo diversos fragmentos vegetacionais, sendo o principal e mais significativo ao lado do antigo aterro sanitário da Caximba. Para o traçado do perímetro proposto foram consideradas áreas naturais como os fragmentos florestais ou não (várzeas), outras Unidades de Conservação especialmente as zonas mais restritivas da Área de Proteção Ambiental do Iguaçu (APA), as áreas com cavas e a ocorrência de fauna ameaçada de extinção, como exemplo o Bugio (Alouatta guariba), a Lontra (Lontra longicaudis), entre outros e excluindo as áreas com significativa ocupação antrópica. Estes estudos tiveram os subsídios da pesquisa e dos estudos da equipe do Museu de História Natural do Capão da Imbuia (MHNCI).
Na construção da proposição do perímetro do Refúgio de Vida Silvestre do Bugio - Foz do Barigui / Iguaçu, foram analisados os remanescentes vegetacionais que reúne diferentes estágios sucessionais (estágios inicial, médio e avançado), os corpos hídricos, as áreas sob-restrições ambientais legais, a dominialidade da área sendo diagnosticado terrenos públicos dos privados, as ocupações e antro posição dos ambientes, as curvas de nível, a aplicação da cota de inundação, o uso do solo que foram aqui definidas com os seguintes indicadores:
1. Área de preservação permanente e remanescentes vegetacionais;
2. Remanescentes vegetacionais em áreas do anel fitossanitário;
3. Remanescentes Vegetacionais com relevância para conservação:
• Floresta Ombrófila Mista Montana – Floresta com araucárias;
• Floresta Ombrófila Mista Aluvial – Floresta de galeria;
• Formação Pioneira com Influência Flúvio Lacustre – várzeas;
4. Solo exposto;
5. Cavas;
6. Edificações isoladas;
7. Edificações agrupadas regulares;
8. Edificações agrupadas irregulares;
9. Ruas e acessos;
10. Corpos da água principais (Barigui e Iguaçu);
11. Corpos da água secundários (afluentes);
12. Conectividade com outras Unidades de Conservação e remanescentes;
13. Áreas situadas em zoneamento restritivo da Área de Proteção Ambiental do Iguaçu (APA);
14. Ocorrências de fauna;
15. Designs, o mais próximo dos fundamentos da Biologia da Conservação:
• Conectividade (vegetacional e hídrica);
• Princípios da ecologia da paisagem;
• Estabelecimento de prioridades para populações e comunidades (diferenciação, perigo, utilidade);
• Efeito de borda;
• Área ou áreas núcleo;
• Corredores de fauna;
• Fragilidades ou vulnerabilidades ambientais;
• Potencialidades ambientais;
• Recuperação de ambientais degradados.

Objetivos

Gerais:

A Unidade de Conservação de Proteção Integral na Foz do rio Barigui / Iguaçu – Refúgio de Vida Silvestre do Bugio, tem como objetivo a conservação da paisagem, de porção das áreas da planície de inundação, dos ecossistemas envolvidos em destaque as áreas denominadas “várzeas”, bem como os demais aspectos bióticos e seus serviços ambientais inclusos, como a qualidade da água e prevenção pra desastres ambientais como os alagamentos e enchentes.
Desta forma se propõem a reversão do quadro histórico do isolamento ambiental da região sul curitibana e o esforço para a criação de Unidades de Conservação em áreas próximas dos rios Barigui e Iguaçu que contemplem fragmentos vegetacionais inclusos nestas bacias, assegurando a melhora na qualidade ambiental da sociedade residente nas regiões das áreas selecionadas.
O Refúgio de Vida Silvestre do Bugio – RVS inova ao ampliar a gestão da biodiversidade urbana, pois possibilita a conexão de diferentes Unidades de Conservação e possui potencial para estimular a outros municípios limítrofes, como Araucária e Fazenda Rio Grande, a promoverem a conservação em seus territórios dos ecossistemas compartilhados, podendo ainda, a RVS induzir e exemplificar outras iniciativas de conservação na região metropolitana de Curitiba.
A RVS deverá servir como unidade de planejamento e indutora para promover e adotar alternativas ambientais para a revitalização do rio Barigui e Iguaçu em ambientes urbanos. Ser elo transformador para a finalização dos processos de exploração minerária em Curitiba, promovendo o seu adequado e necessário incentivo à preservação de áreas naturais particulares na área de abrangência, a conservação dos remanescentes vegetacionias, resguardar e proteger os ambientes de várzeas, estabelecerem critérios para a recuperação das áreas degradadas, contribuir para a manutenção ou ampliação dos habitats da fauna e flora ocorrentes, propiciar a conexão entre os fragmentos vegetacionais, incentivar a participação social, colaborar para o estabelecimento do turismo ecológico e cientifico, possibilitando de fato, exercer o papel de corredor ecológico urbano para a biodiversidade.

Específicos:

• Proteger os recursos hídricos e a mata residual representativa da vegetação da Floresta com Araucária, os campos úmidos ou de inundação e as florestas de galeria ao longo das várzeas dos cursos d’água;
• Proteger e recuperar as áreas de preservação permanente (APP) ao longo do leito principal do rio Barigui e parte do Iguaçu e seus afluentes;
• Recuperar a vegetação das margens com plantas nativas para evitar o assoreamento, impedindo o estabelecimento de processos erosivos e consequentemente o carreamento de sedimentos em direção ao fundo dos vales adjacentes;
• Combater o estabelecimento e a propagação de espécies exóticas;
• Regulamentar as atividades antrópicas na área visando à sustentabilidade ambiental, social e econômica;
• Propiciar as condições necessárias para a preservação de espécies vegetais e animais ocorrentes e representativas nesta área;
• Regular o uso dos recursos naturais no interior desta área;
• Amenizar os impactos e danos relacionados a enchentes e inundações;
• Preservar e promover a beleza cênica da área;
• Proteger ecossistemas com potencial para oferecer oportunidades de visitação, aprendizagem, interpretação, educação, pesquisa e recreação, compatíveis com a conservação da natureza;
• Estimular o turismo e a geração de emprego e renda;
• Proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna residente ou migratória;
• Realizar o monitoramento ambiental permanente e pesquisas científicas;
• Fomentar um Corredor Ecológico Urbano, em Curitiba e região metropolitana, limítrofe ao Refugio de Vida Silvestre do Bugio;
• Estabelecer vínculos sociais e alianças de gestão com a sociedade envolvida.

Metas a atingir:

Formar e implantar a gestão de um mosaico de áreas protegidas em Curitiba, Fazenda Rio Grande e Araucária, ofertando recreação e educação ambiental em ambientes naturais vulneráveis, com plano de manejo, conselho consultivo e estruturas para visitantes.

Cronograma

Físico:

28/03/2015 - Criação e inauguração da trilha educativa do marreco selvagem;
28/03/2015 - Criação dos Refúgios de Vida Silvestre Curitiba, Fazenda Rio Grande e Araucária;
28/03/2015 - Criação do mosaico metropolitano de conservação;
11/2015 - Edital para elaboração do Plano de Manejo;
03/2016 - Implantação do Conselho Gestor de Unidade de Conservação.

Financeiro:

Dotação do Plano Plurianual da cidade de Curitiba.

Orçamento:

Criação e inauguração da trilha educativa do marreco selvagem - R$ 200.000,00;
Criação dos Refúgios de Vida Silvestre Curitiba, Fazenda Rio Grande e Araucária - R$ 30.000,00;
Criação do mosaico metropolitano de conservação;
Edital para elaboração do Plano de Manejo - R$ 300.000,00;
Implantação e capacitação do Conselho Gestor de Unidade de Conservação - R$ 25.000,00

Beneficiários Diretos:

Moradores de Curitiba e região metropolitana em especial as comunidades da região sul de Curitiba.

Beneficiários Indiretos:

Toda sociedade.

Resultados:

Programa de Proteção e Manejo de Espécies ameaçadas, participação social na gestão, envolvimento dos municípios limítrofes.

Anexos

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