CHÁ DE ÂNIMO
Ano / Edição: 2014
Município: Assaí
Função de Governo: Saúde
Diagnóstico
O Brasil possui um sistema de saúde mental inovador, centrado no cuidado da comunidade, respeitando os princípios estabelecidos pela lei n.º 8.080 que implanta o Sistema Único de Saúde (SUS), que tem como diretrizes a universalidade de acesso, integralidade na assistência, descentralização dos serviços para os municípios, regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde, e a equidade na distribuição dos recursos.
Mas as ações referentes á Saúde Mental, enfrenta grandes desafios em sua implementação, pois apenas a partir do final da década de 1980 que a reforma psiquiátrica brasileira toma vulto e implanta-se como política de governo.
Somente a partir de 1990 até 2010 que o Ministério da Saúde publicou 68 portarias sobre a área de saúde mental: regulamentação dos serviços, formas e valores no financiamento, criação de programas e grupos de trabalho
Como a Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, idéias e emoções, a Secretaria de Estado da Saúde vem dialogando com os diversos setores da saúde, do poder público e da sociedade civil para construir consensos que favoreçam o debate, considerando o cuidado de qualidade, a valorização do indivíduo e a garantia de direitos como metas a serem alcançadas e princípios norteadores das ações em saúde mental.
O Estado consciente da necessidade de ações envolvendo a saúde mental e a qualidade de vida da população vem desenvolvendo trabalhos referentes ao cuidado na atenção básica, incentivando a criação e dando suporte técnico para o desenvolvimento de programas como CAPS(Centro de Atenção Psicossocial) e NASF (Núcleo de Apoio a Estratégia Saúde da Família) entre outros, e também capacitando a equipe multiprofissional através de oficinas como o APSUS (Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde).
A responsabilização compartilhada entre as Equipes Saúde da Família e as equipes do NASF na comunidade, prevê a revisão da prática atual do encaminhamento com base nos processos de referência e contra-referências, ampliando-a para um processo de acompanhamento longitudinal de responsabilidade da equipe de Atenção Básica/Saúde da Família. (Brasil, Ministério da Saúde, 2009)
Atualmente cerca de uma em cada quatro pessoas que procuram a atenção básica tem algum transtorno mental segundo o CID 10; se incluirmos também o sofrimento abaixo do limiar diagnóstico os chamados casos sub-clínicos a proporção chega de um para cada duas pessoas.
Dizer que uma pessoa não está doente, não significa que ela não necessite de cuidado, até porque as formas mais frequentes de sofrimento mental observadas na população que procura a atenção básica não podem ser categorizadas como doença. Isso é o que denominamos sofrimento mental comum.
O sofrimento mental comum caracteriza-se por uma síndrome clínica que, ou seja, um agrupamento de sinais e sintomas que costumam se apresentar associados e seguem um determinado padrão de evolução, frequentemente relatam tristeza, desânimo, perda do prazer de viver, irritabilidade, dificuldade de concentração, ansiedade, medo e muitas vezes também associados a mudança de sono, apetite, dores e sintomas somáticos.
Esses pacientes tem como características de vulnerabilidade: gênero(papel social feminino e masculino), baixo nível socioeconômico, situações de desemprego,desequilíbrio no ambiente de trabalho e desestruturação familiar. Também é comum observarmos situações semelhantes pós-eventos pessoais marcantes caracterizados de sintomas como: sentimento de humilhação falta de perspectiva de melhora, baixa auto-estima, anergia, anedônia, choro fácil, insônia, irritabilidade e ansiedade.
A transformação do modelo de atenção em saúde mental fomentado pela política vigente chama a transformar paradigmas que envolvem culturas, crenças e preconceitos que nos remetem à história da saúde mental no País. Esse enfrentamento se dá no cotidiano das equipes com a rede, na construção da intersetorialidade, nos tensionamentos provocados pela judicialização da saúde mental e no manejo de situações de crise, como vemos atual mente na questão do consumo de crack e de outras drogas.
As questões relacionadas à saúde mental se apresentam no contexto político e social brasileiro como um grande desafio na busca da garantia de direitos de cidadãos com transtornos mentais. Os avanços que acompanham as transformações na condução do cuidado em saúde mental também são desafios aos gestores, que são chamados a redirecionar o modelo de atenção e implantar uma série de recursos de saúde com potencial técnico para efetivar tal transformação. É, nessa perspectiva, mudar o modelo de atenção não se resume simplesmente à abertura de novos serviços requer, além da vontade política do gestor, recursos financeiros, administrativos e técnicos de que muitas vezes os municípios não dispõem.
A Estratégia de Promoção e Prevenção em saúde mental do município de Assaí iniciou-se no ano de 2008 na Unidade de Saúde COPASA. As consultas são realizadas no período matutino pela Drª Fernanda Ashakura uma vez por semana, todas são agendadas mediante encaminhamento médicos e os retornos são pré-agendados conforme a necessidade.
No decorrer destes 06 anos a procura por este atendimento especializado cresceu significativamente. Observou-se que o número de pacientes que apresentam sinais e sintomas que se enquadram no que chamamos de transtorno mental comum aumentou e que o uso isolado de ansiolítico-antidepressivos não estava favorecendo a recuperação e a reintegração social destas mulheres,mas muitas vezes gerando uma relação de dependência medicamentosa
Descrição
Optamos por formar um grupo constituído só por mulheres de várias faixas etárias onde as reuniões ocorrem bimestralmente no período matutino, com duração de 3 horas, no auditório da Biblioteca Cidadã (temos como objetivo tornar essas reuniões mensais). Durante estes encontros proporcionamos além de prevenção, educação e acompanhamento em saúde mental, troca de experiências, compartilhamento de vivências, incentivo à busca de terapias ocupacionais através de artesanatos, possibilitando o desenvolvimento do sentimento de pertencimento e favorecendo assim a recuperação, reintegração social e a retomada da autoestima e autoconfiança.
Objetivos
Gerais:
Reintegrar os pacientes pertencentes ao grupo de Saúde Mental denominado “Chá de Ânimo” da ESF COPASA, dentro do contexto familiar e social.
Específicos:
• Possibilitar transformações subjetivas que dificilmente seriam alcançados em um atendimento individualizado.
• Priorizar a promoção de Saúde Mental através do processo: preventivo, educativo e terapêutico.
• Promover o desmame medicamentoso através da quebra do estigma de que todo sofrimento mental necessita de um tratamento farmacológico.
• Incentivar a prática de atividade física contribuindo com o bem-estar físico e mental.
• Sensibilizar a equipe da ESF COPASA sobre a importância da humanização no atendimento ao paciente com sofrimento mental.
Metas a atingir:
• Reintegração familiar e social
• Resgate da auto-estima
• Desmame medicamentoso
• Reuniões bimestrais
Cronograma
Físico:
Cronograma das reuniões
2013: 25/07- 26/09 - 26/11
2014: 28/01 - 25/03 - 27/05 - 29/07 – 01/10 – 02/12
Financeiro:
Despesas semestrais com alimentação
• Chá, salgados e bolo: R$ 500,00
Despesas com Tecidos e aviamentos para artesanato
• Cola, linha, tecido, agulha, EVA, cadernos e brindes: R$ 500,00
Orçamento:
Os profissionais envolvidos no projeto fazem parte do quadro de funcionários públicos, assim como, o local utilizado para as reuniões também pertence ao município.
Quando necessário a presença de outros profissionais os mesmo participam de forma voluntaria.
Utilizamos também matérias recicláveis como: caixa de leites, jornais, revistas etc.
Alguns materiais utilizados são adquiridos pela Secretaria Municipal de Saúde através do fundo municipal de saúde.
Chá – 3,05 o pacote.
Salgado frito – 14,90 o cento..
Pão de Queijo 12,90 kg.
Foram gastos até Julho de 2014 um total aproximado de R$ 360,00 de gênero alimentício.
Beneficiários Diretos:
O grupo chá de animo é composto por mulheres de varias faixas etárias que fazem acompanhamento psiquiátrico na UBS COPASA. Atualmente o grupo é composto por 20 mulheres.
Beneficiários Indiretos:
Com a realização do Projeto há uma reintegração familiar e social, beneficiando assim, a família e a comunidade.
As secretarias têm a oportunidade do trabalho em rede, intersetorializando suas ações e concretizando suas metas.
A oportunidade de alta dos pacientes diminuiu a demanda, melhorando os padrões de atendimento dos profissionais da unidade e também oportunizando o acesso de mais pessoas ao serviço e melhora da assistência aos casos que requerem mais atenção.
Resultados:
No primeiro encontro algumas pacientes sentiram dificuldade de interagir com o grupo, por estarem diante de pessoas desconhecidas e do “algo novo. Com as atividades artesanais desenvolvidas e as trocas de experiências elas adquiriram o sentimento de pertencimento observaram que todas tem problemas em comum, isso ajudou para que todas entendessem a importância do tratamento o efeito dos medicamentosa possibilidade do desmame destes e como fortalecer o emocional para enfrentar os desafios impostos pela vida.