Banco de Projetos

Programa FamiliAção

Ano / Edição: 2025
Município: Cascavel
Função de Governo: Assistência Social

Diagnóstico

A Primeira Infância representa uma etapa fundamental para o desenvolvimento humano e, por isso, tem recebido atenção estratégica nas políticas públicas do município de Cascavel. Com a adesão à Rede Urban95, em 2021, e a elaboração do Plano Municipal pela Primeira Infância, o município fortaleceu a articulação intersetorial voltada às crianças de 0 a 6 anos e seus cuidadores, promovendo avanços significativos na construção de uma cidade mais acolhedora para a infância.
No âmbito da Política de Assistência Social, os CRAS e os Centros de Convivência vêm desenvolvendo ações específicas direcionadas a esse público, com foco na prevenção de violações de direitos e na promoção do desenvolvimento integral. Dados do Cadastro Único, de maio de 2023, revelam que mais de 7 mil crianças de 0 a 6 anos vivem em famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, sendo cerca de 4.200 em situação de extrema pobreza. Esse cenário de alta vulnerabilidade compromete diretamente o cuidado e a proteção das crianças, agravado por limitações materiais, acesso precário a serviços públicos e fragilidade dos vínculos familiares.
Além disso, registros das unidades do CREAS e dos serviços de acolhimento evidenciam a ocorrência de diversas violações de direitos. Em 2022, foram identificados casos de negligência, violência física e psicológica, abuso sexual, violência doméstica e até situações de trabalho infantil. No mesmo ano, 26 crianças foram acolhidas institucionalmente e 87 em acolhimento familiar. Esses dados reforçam a urgência de estratégias preventivas eficazes no território.
Como resposta a essa realidade, a Secretaria Municipal de Assistência Social estruturou o Programa FamiliAção, com o objetivo de promover o cuidado integral na Primeira Infância, incluindo de forma ativa os cuidadores do sexo masculino nas ações de fortalecimento familiar. Historicamente, o cuidado infantil tem sido atribuído majoritariamente às mulheres, uma lógica reforçada por políticas públicas que pouco contemplaram o envolvimento dos homens nesse processo. O FamiliAção surge para romper com essa tradição, incentivando a paternidade ativa e promovendo mudanças de comportamento nas famílias e nas equipes técnicas.
O Programa vem sendo implementado nas unidades do CRAS e Centros de Convivência, com atividades realizadas em horários alternativos, envolvendo toda a família — especialmente pais, padrastos, avôs e outros cuidadores homens. A partir do uso de materiais socioeducativos, vídeos e oficinas, os participantes são convidados a refletir sobre o papel dos homens no cuidado desde a gestação, o compartilhamento das responsabilidades familiares e o fortalecimento dos vínculos afetivos com a criança.
Iniciado em maio de 2025, o FamiliAção tem como meta alcançar 200 famílias até o final do ano. Ao promover a corresponsabilidade no cuidado e ampliar a atuação intersetorial, o município de Cascavel dá um passo importante na construção de uma rede de proteção mais sensível e eficaz para a Primeira Infância. As ações contribuem diretamente para a prevenção de riscos, a promoção do desenvolvimento infantil e a formação de uma sociedade mais justa, equitativa e comprometida com o bem-estar das crianças desde os seus primeiros anos de vida.

Descrição

O Programa FamiliAção seleciona 200 famílias com crianças na primeira infância atendidas pelos Centros de Convivência e CRAS. A mobilização é feita por telefone, WhatsApp, visitas domiciliares e convites impressos. Após essa etapa, grupos de WhatsApp são criados para manter o vínculo com os participantes. Antes dos encontros, as equipes realizam atendimentos para identificar as demandas e mapear quem exerce o papel paterno (pai, avô, tio, padrinho etc.). Um formulário investiga a rotina de cuidados e os motivos da baixa participação masculina nas atividades familiares.

O programa promove cinco encontros noturnos com até 20 famílias por grupo, incentivando a valorização da paternidade ativa. No primeiro encontro, as famílias criam uma representação simbólica do núcleo familiar e recebem a “Trilha do FamiliAção”, onde colam selos conforme as atividades são realizadas. Um Contrato de Convivência é firmado com regras e combinados para atividades domiciliares, que devem ser registradas por meio de fotos e vídeos, fortalecendo o aprendizado e o vínculo familiar.

As oficinas do FamiliAção abordam temas centrais para uma paternidade mais afetiva, responsável e presente. A jornada formativa começa com a oficina “Sou pai, e agora?”, que discute o início da paternidade e a importância do vínculo desde a gestação. Na sequência, “Pai de bebê recém-nascido” traz orientações práticas para os primeiros 100 dias de vida, abordando o envolvimento paterno no desenvolvimento emocional e o apoio à parceira.

A oficina “Pai, brinca comigo?” valoriza o tempo de qualidade, as brincadeiras e a leitura no fortalecimento dos vínculos. Já “Pai que educa sem violência” promove a reflexão sobre os danos da educação punitiva e incentiva práticas baseadas no diálogo e respeito. Em “Pai na era digital”, os participantes são alertados sobre os riscos do uso excessivo de telas por crianças pequenas e incentivados a buscar alternativas saudáveis. Por fim, “Pai que protege” destaca o papel do cuidador na proteção e nos cuidados essenciais ao desenvolvimento seguro da criança.

Ao final da jornada, os participantes recebem um certificado simbólico de Paternidade Ativa na Primeira Infância, em um evento de celebração que fortalece os vínculos familiares e incentiva a continuidade das boas práticas. A proposta é que o fim da trilha represente não um ponto final, mas o início de uma caminhada mais consciente, sensível e transformadora no exercício da paternidade.

Objetivos

Gerais:

Promover o cuidado integral na Primeira Infância por meio da valorização da paternidade ativa e do fortalecimento dos vínculos familiares, incentivando a corresponsabilidade dos cuidadores homens no desenvolvimento e proteção das crianças de 0 a 6 anos em situação de vulnerabilidade social no município de Cascavel.

Específicos:

- Mobilizar e engajar famílias com crianças na primeira infância, priorizando a inclusão de pais, padrastos, avôs, tios e outros cuidadores homens nas ações de fortalecimento familiar realizadas pelos CRAS e Centros de Convivência.

- Realizar atendimentos individualizados para identificar as dinâmicas familiares, compreender as rotinas de cuidado e investigar os fatores que dificultam a participação masculina no cuidado infantil.

- Oferecer uma trilha formativa com oficinas temáticas, voltadas ao estímulo da paternidade afetiva, responsável e protetora, abordando temas como o vínculo desde a gestação, os cuidados com o bebê, o brincar, a educação sem violência, o uso consciente das tecnologias e a prevenção de riscos.

- Fomentar mudanças de comportamento entre os cuidadores masculinos, incentivando o compartilhamento das responsabilidades familiares e a valorização do tempo de qualidade com as crianças.

- Fortalecer os vínculos familiares e comunitários, promovendo momentos de escuta, convivência e reconhecimento simbólico do compromisso dos participantes com a paternidade ativa.

- Prevenir situações de negligência, violência e violação de direitos, contribuindo para a formação de uma rede de proteção mais eficaz e sensível à Primeira Infância no território.

- Ampliar a articulação intersetorial entre as políticas públicas voltadas à infância e fortalecer o papel da Política de Assistência Social na promoção do desenvolvimento infantil e na superação das desigualdades sociais.

Metas a atingir:

- Meta 1: 200 famílias convidadas por CRAS e Centros de Convivência anualmente.
- Meta 2: 75% de famílias que iniciaram o programa finalizando a Trilha.

Cronograma

Físico:

Serão ao todo 9 grupos de famílias nos 09 territórios de CRAS, que terão encontros em diferentes datas, nos períodos informados.

Abril de 2025
Planejamento das ações: definição dos temas dos encontros e oficinas, elaboração das atividades, produção de materiais didáticos, confecção da “Trilha do FamiliAção”, montagem dos kits das famílias, elaboração do cronograma e articulação com os serviços (CRAS, CCIs e Centros de Convivência).

Abril de 2025
Busca ativa e mobilização das famílias: convites por WhatsApp, ligações, entrega de convites impressos e visitas domiciliares. Realização de atendimento inicial para identificar o cuidador masculino e compreender a dinâmica familiar.

08 a 16/05/2025
1º Encontro
– Acolhida + Oficina;
– Construção do Contrato de Convivência;
– Atividade de representação da família (papel craft);
– Entrega da Trilha do FamiliAção e explicação das missões;
– Entrega do 1º selo da trilha.

22 a 30/05/2025
2º Encontro
– Oficina;
– Atividades lúdicas com as crianças e cuidadoras;
– Entrega do 2º selo da trilha;
– Nova tarefa para casa + caderno de memórias.

05 a 19/06/2025
3º Encontro
– Oficina;
– Acolhida;
– Atividades lúdicas com crianças e cuidadoras;
– Roda de conversa com cuidadores sobre brincadeiras, leitura e tempo de qualidade;
– Entrega do 3º selo da trilha;
– Nova missão familiar.

25/06 a 03/07/2025
4º Encontro
– Oficinas
– Atividades lúdicas com crianças
– Roda de conversa
– Entrega do 4º selo da trilha;
– Missão: convidar alguém da rede de apoio para o próximo encontro;
– Entrega de brinquedo.

08 a 25/07/2025
5º Encontro
– Oficina Encerramento
– Acolhida e partilha final;
–Entrega do certificado de Paternidade Ativa;
– Entrega do 5º selo e porta-retrato com foto da família;
– Jantar especial e sorteio de brindes.

Financeiro:

O Programa FamiliAção não apresenta um cronograma financeiro específico, pois não gera custos adicionais ao município. As ações do programa são desenvolvidas utilizando a estrutura já existente dos serviços socioassistenciais, como os CRAS, Centros de Convivência e demais unidades da rede pública municipal, otimizando os recursos humanos, físicos e materiais disponíveis.
Os materiais de consumo utilizados nas oficinas (como papel, cola, cartolina, EVA, jogos educativos, entre outros) fazem parte dos insumos já previstos para o atendimento contínuo às famílias. Além disso, os materiais gráficos e de apoio, como a Trilha do FamiliAção, certificados, selos e demais elementos distribuídos às famílias, são produzidos pela própria equipe técnica dos serviços, com uso de recursos simples e acessíveis, como impressões coloridas, materiais recicláveis e itens de papelaria.
Dessa forma, o programa promove a valorização do trabalho coletivo e da criatividade das equipes, demonstrando que ações de impacto e inovação podem ser realizadas com planejamento, articulação intersetorial e aproveitamento consciente dos recursos já disponíveis.

Orçamento:

Esta ação não tem custos e orçamento próprio tendo em vista que integra as ações com famílias realizadas pelos CRAS e Centros de Convivência.

R$ 26.000,00 gastos com alimentação, material de expediente, pedagógico e material gráfico.

Beneficiários Diretos:

Crianças de 0 a 6 anos em situação de vulnerabilidade social
- Especialmente aquelas cadastradas no Cadastro Único e beneficiárias do Programa Bolsa Família.
- Crianças cujos direitos estão sob risco ou já foram violados (como negligência, violência, abuso, entre outros).

Cuidadores homens das crianças participantes
- Pais biológicos
- Padrastos
- Avôs, tios, padrinhos ou irmãos mais velhos que exerçam papel de cuidado.
Esses homens são o público-alvo das oficinas, encontros formativos e ações de fortalecimento da paternidade ativa.

Beneficiários Indiretos:

Profissionais da rede socioassistencial (CRAS, Centros de Convivência e CREAS)
- Técnicos de referência, orientadores sociais e demais trabalhadores do SUAS se beneficiam com a qualificação da atuação, ampliação do olhar sobre as masculinidades e fortalecimento da abordagem familiar preventiva.

Profissionais das redes de saúde, educação e direitos humanos
- Equipes que atuam com crianças e famílias passam a contar com famílias mais fortalecidas e com vínculos mais saudáveis, o que facilita o trabalho intersetorial e melhora os encaminhamentos e atendimentos.

Rede de proteção à infância no município
- Conselhos tutelares, serviços de acolhimento, unidades escolares e de saúde infantil se beneficiam com a redução de casos de negligência e violência, devido à prevenção realizada pelo programa.

Resultados:

RESULTADOS QUANTITATIVOS:

Número de famílias mobilizadas e convidadas considerando a meta de 200 famílias com crianças de 0 a 6 anos convidadas pelos CRAS e Centros de Convivência;

Número de famílias participantes que concluíram o percurso: considerando a meta de ao menos 75% das famílias que iniciaram o programa finalizarem a trilha completa (cerca de 150 famílias). - Atualmente 50 famílias estão participando do Programa, a trilha finaliza no dia 25 de julho;

Número de cuidadores homens envolvidos nas atividades considerando a estimativa de pelo menos 1 cuidador homem por família participando das oficinas e encontros.(o programa iniciou em maio de 2025 com a participação de 50 homens);

Número de certificados simbólicos de Paternidade Ativa entregues. (a primeira trilha finaliza no dia 25 de julho);

A partir das famílias participantes será verificado se houveram registros de violação de direitos às crianças.

RESULTADOS QUALITATIVOS:

Fortalecimento dos vínculos afetivos entre cuidadores homens e crianças a partir dos pais, padrastos e avôs passam a exercer de forma mais consciente, afetiva e constante seu papel no cuidado infantil;

Mudança de comportamento nas famílias quanto à divisão de responsabilidades com a redução da sobrecarga materna e ampliação da corresponsabilidade dos homens nas rotinas de cuidado e educação das crianças;

Maior sensibilização dos cuidadores sobre práticas educativas positivas a partir da adoção de métodos de disciplina não violentos e construção de vínculos baseados no respeito e no diálogo;

Redução de situações de negligência e violência na primeira infância com a presença e o envolvimento ativo de cuidadores masculinos funcionam como fator de proteção contra violações de direitos;

Mudança de paradigma institucional quanto à paternidade a partir do envolvimento de equipes técnicas e políticas públicas que passam a valorizar e incorporar estratégias que envolvem os homens no cuidado infantil.

Anexos

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