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ARAUCÁRIA, NOSSA HISTÓRIA

Ano / Edição: 2023
Município: Araucária
Função de Governo: Educação

Diagnóstico

A Secretaria Municipal de Educação de Araucária, no seu dever-agir observou às seguintes demandas postas por documentos e leis federais e municipais:
- Base Nacional Comum Curricular de 2017 (BNCC), que define como aprendizagem essencial para o quarto ano do Ensino Fundamental no componente curricular de História: a noção de lugar em que se vive; as dinâmicas em torno da cidade; a circulação de pessoas, culturas e mercadorias; os desafios contemporâneos marcados por grandes movimentos populacionais; as memórias individuais ou coletivas no estabelecimento de identidades e no reconhecimento de pertencimentos.
- Lei Federal nº 10.639/2003 que torna obrigatório o ensino da História e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar.
- Lei Federal nº 11.645/2008 que veio a ampliar a ação da Lei Federal nº 10.639, ao incluir, dentro da temática obrigatória, a temática história e cultura indígena.
- Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/1996, que no seu artigo 70, inciso VIII, estabelece como despesa realizada com vistas à consecução dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os níveis à manutenção e desenvolvimento do ensino as que se destinam a aquisição de material didático-escolar.
- Documento Municipal Organização Curricular de Araucária: um compromisso com o direito ao conhecimento, de 2019, que estabelece para o componente curricular de História os objetivos de aprendizagem aos quartos anos do ensino fundamental 1 e à Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Descrição

Comprometida com a qualidade de ensino e em respeito às demandas apresentadas pelos estudantes dos quartos anos do Ensino Fundamental I e da EJA, familiares e professores das comunidades escolares da rede municipal de ensino, e preocupada em garantir os direitos de aprendizagem que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) referenda à nação, a Secretaria Municipal de Educação, produziu - entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2023 - e no início de ano letivo de 2023 disponibilizou no formato impresso para todos os estudantes dos quartos anos do Ensino Fundamental I e EJA da rede municipal de ensino, o livro didático Araucária, nossa história: povoamento e trabalho. O livro didático articula a História local às unidades temáticas apresentadas pela BNCC - transformações e permanências nas trajetórias dos grupos humanos; circulação de pessoas, produtos e culturas; as questões históricas relativas às migrações - dando maior centralidade à História de Araucária frente aos processos mais amplos.
O livro pretende levar às salas de aula o conhecimento histórico necessário ao exercício de uma cidadania municipal ancorada numa consciência histórica mais comprometida com o futuro da cidade. Trabalhando temas como diversidade étnico-racial, meio ambiente, relações de trabalho, migrações e circulação de produtos e culturas, o material aborda todos os objetos de conhecimento da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), articulando a história do município às 11 habilidades da Base e a todos os objetivos de aprendizagem da nova Organização Curricular de Araucária, apresentadas para os quartos anos do Ensino Fundamental 1 e EJA.
Com olhares interdisciplinares, a aprendizagem histórica se articula aos demais componentes curriculares do Ensino Fundamental I. Língua Portuguesa, Geografia, Ciências, Arte, Matemática, Educação Física e Ensino Religioso ganham um sentido histórico mais amplo na vida dos estudantes jovens e adultos.
Estudando a História do município, os estudantes também terão a oportunidade de conhecer aspectos fundamentais sobre a História do Paraná, do Brasil e até mesmo de outros continentes, mais especificamente sobre a Europa, a África e a Ásia.
Na forma impressa, agora nas mãos de todos os estudantes dos quartos anos e da EJA, e também disponível em pdf gratuitamente a toda comunidade araucariense, o livro apresenta uma estrutura explicativa da história do município dividida em 11 capítulos, sendo alguns dos mesmos específicos sobre os indígenas, negros, luso-brasileiros, imigrantes europeus e asiáticos. Outros capítulos são voltados às atividades e arranjos econômicos, como tropeirismo, erva-mate, atividade madeireira, antigos arranjos industriais, instalação do polo petroquímico e suas relações com a expansão demográfica do município. Por fim o livro concluí o ano letivo com um debate sobre a história dos novos migrantes e as perspectivas de futuro dos munícipes frente a possível privatização da Refinaria Getúlio Vargas, além de trazer os desafios de moradia e participação política daqueles segmentos menos favorecidos do município, com especial atenção para os novos migrantes.
Ao longo do ano letivo são propostas como estratégias didáticas e avaliativas a organização de Aulas Oficina.
As primeiras páginas de cada capítulo, apresentam uma narrativa geral do tema tratado, sendo que, ao longo do ano letivo as explicações das primeiras partes dos capítulos vão se tornando cada vez mais complexas, exigindo mais do estudante em termos de cognição histórica, desenvolvendo competências que se refletirão no desempenhos dos mesmos frente às avaliações externas, como no caso do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB).
A segunda parte dos capítulos é sempre centrada em fontes históricas que procuram compreender as relações políticas, sociais, econômicas e culturais entre Araucária e outras partes do mundo. Nesse mesmo bloco, as memórias familiares dos estudantes são mobilizadas como ferramentas para a construção do conhecimento histórico, por meio da relação entre história pessoal e história coletiva.
Ao trabalhar com as fontes da história local e regional, as culturas e tradições das comunidades em que os estudantes estão inseridos são ressignificadas. Essa abordagem tem contribuído para o desenvolvimento do sentimento de pertencimento e podem ser ferramentas úteis para a formação da cidadania, ao permitir a reflexão sobre a importância da participação social e política na construção da história do município, se reconhecendo como parte de uma história coletiva e percebendo a relevância do papel de sua família e comunidade na construção da história regional e nacional. A partir dessas fontes, pode-se discutir as lutas por direitos e as transformações sociais ocorridas ao longo do tempo.
De teor mais complexo, para o debate proposto no segundo bloco se faz fundamental a mediação do professor, que vai tornar compreensível na mente dos estudantes o entendimento de como as histórias familiares se relacionam com a vida deles, de seus professores e colegas. Em suma, as fontes históricas disponibilizadas em espaços públicos como o Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres, Museu Tingüi-Cuera, Memorial Romão Wachowicz, dentre outros, são estudadas e ressignificadas a partir das histórias familiares.
O terceiro bloco foi pensado para promover o envolvimento da família e da própria comunidade escolar no debate sobre a história do município, por meio dos famosos deveres de casa ou de projetos escolares. Nesse sentido, a parte final dos capítulos procura garantir uma fina sintonia com as Diretrizes Municipais de Educação e a promoção da participação da comunidade escolar nos debates sobre alguns dos temas mais preocupantes do tempo presente.
Para proporcionar um livro com formato transparente e estruturado optou-se por um modelo simples, sendo que todos os capítulos são divididos em três blocos, conforme exposto. Em alguns capítulos foram elaborados vocabulários com verbetes específicos do período estudado. Sempre na primeira página de cada capítulo os estudantes podem reconhecer de imediato quais os objetivos de aprendizagem serão tratados ao longo do mesmo.
As relações do livro didático com as experiências e expectativas dos jovens estudantes, foram estabelecidas pelos apontamentos dos professores e professoras dos quartos anos do Ensino Fundamental do município. Ao considerar os maiores desafios dos jovens e as expectativas da comunidade escolar em relação ao futuro, o livro deu um passo decisivo disponibilizando fontes históricas essenciais ao estudo da História do município e ao debate das questões mais urgentes, com especial atenção à questão da moradia.
No que se refere especificamente à questão da moradia, ela é tratada diretamente desde o primeiro capítulo, ao apresentar explicações históricas sobre a moradas do Tinguis e a suas relações com o meio ambiente e o primeiro nome de Araucária, Tingüi-Cuera. Para tanto são propostos os mais diversos encaminhamentos didático-metodológicos, de passeios virtuais por infográficos interativos, passando por atividades tendo as pesquisas arqueológicas como fontes do conhecimento histórico, até a análise de obra artística de renomada ilustradora, que autorizou seu uso pelo município e ainda prestou depoimento exclusivo ao material para fins pedagógicos.
Ao longo do ano letivo, a questão da moradia é retomada em outras oportunidades, por exemplo, ao tratar do estabelecimento dos imigrantes na antiga Freguesia do Yguassú, que nos primeiros tempos viviam em barracas até que conseguissem levantar as suas casas.
No último capítulo a questão da moradia é apresentada como um dos maiores desafios enfrentados pelos moradores de Araucária. Para tanto, são debatidos historicamente o estabelecimento do pólo-petroquímico e suas relações com o rápido crescimento demográfico vivido por Araucária no último meio século.
No que se refere à relação do livro com a prática da aula, uma importante decisão político-pedagógica foi optar por um material consumível, com espaços adequados à resolução das atividades. As fontes históricas trabalhadas pelas atividades escolares não são apresentadas como meras exposições, passando a ser entendidas como evidências do passado abertas à argumentação, interpretação e formulação de novas hipóteses.
Em todos os momentos que se fizeram possíveis, procurou-se historicizar temas caros aos demais componentes curriculares. Como no caso da História do futebol em Araucária, estudado pelo componente curricular de Educação Física; os conhecimentos sobre plantas locais, estudado pelas Ciências, as relações entre industrialização e crescimento demográfico, estudado pela Geografia; o tratamento da informação em números, fundamental à Matemática; o estudo iconográfico de pinturas e fotografias, essencial à Arte; a presença dos ortodoxos ucranianos, estudo do Ensino Religioso.
De todos os componentes curriculares foi o de Língua Portuguesa aquele que mais se colocou às práticas integradoras entre os componentes curriculares. Poemas, textos literários, artigos de jornais, propagandas, cartas, entre outras dezenas de gêneros textuais foram amplamente explorados pelo livro didático, nos seus mais diversos aspectos gramaticais e literários.
Estudar a história do município pode ajudar os estudantes a identificar as fontes históricas - como os documentos históricos disponibilizados pelo Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres, os objetos e iconografias expostas no Museu Tingüi-Cuera, dentre outros - e a compreender como essas fontes podem ser usadas para construir uma narrativa histórica. Isso pode ser útil para o desenvolvimento de habilidades de pesquisa e leitura crítica, que são importantes para a formação da consciência histórica ontogenética.
Estudar a história local e familiar pode ajudar a entender melhor a relação entre as pessoas e o meio ambiente, que é um dos principais desafios do desenvolvimento sustentável. Ao conhecer a história do uso da terra, da agricultura e de outras atividades humanas, é possível compreender melhor as práticas e tecnologias adequadas à sustentabilidade do meio no qual os estudantes e familiares estão inseridos. Ao garantir que os conhecimentos históricos do município sejam compartilhados e utilizados em conjunto com outras áreas do conhecimento a Secretaria Municipal de Educação e os professores dos quartos anos estarão instrumentalizando os estudantes, para que os mesmos contribuam na efetivação de importantes metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, tais como a erradicação da pobreza, a redução das desigualdades, a promoção da educação de qualidade, a proteção do meio ambiente, a promoção do trabalho decente e do crescimento econômico, o fomento a inovação da infraestrutura e da industrialização sustentável, a criação de cidades e comunidades sustentáveis, dentre outras.
Nesse sentido, as perspectivas da Educação Histórica Municipal oferecem uma abordagem rica e significativa para os estudantes dos quartos anos, ao buscar uma relação entre a história pessoal e a história coletiva e ao promover a reflexão crítica sobre identidade e cidadania, permitindo assim um protagonismo maior dos estudantes no processo de construção do conhecimento histórico.
O ensino da História de Araucária pode auxiliar na construção da identidade cultural dos estudantes, ao promover a valorização das culturas locais e regionais e ao incentivar a reflexão crítica sobre sua formação cultural. A partir do conhecimento sobre as tradições, costumes e valores próprios de sua comunidade, os estudantes podem construir uma identidade cultural mais consciente e valorizada, contribuindo assim para o fortalecimento da diversidade cultural e para o cultivo do respeito às diferenças.
Ao final do ano letivo, espera-se que os jovens estudantes consigam demonstrar uma consciência histórica mais comprometida com a comunidade.

Objetivos

Gerais:

Atender aos imperativos legais e pedagógicos de se conhecer a história do município nas suas relações com outras regiões e nas relações entre a história pessoal e familiar com a história coletiva.

Específicos:

- Otimizar a gestão pública dos recursos humanos e financeiros, garantindo assim o princípio administrativo da eficiência, no seu quesito economicidade;
- Garantir aos estudantes dos 4º anos do Ensino Fundamental I e da EJA da rede municipal de ensino, conhecimentos essenciais ao exercício da cidadania e ao sentimento de pertencimento;
- Promover o debate escolar dos principais desafios da comunidade no tempo presente, no que se refere à moradia, meio ambiente, discriminação, exclusão e memória pública.

Metas a atingir:

- Disponibilizar a todos os estudantes dos quartos anos do Ensino Fundamental e da EJA da 2ª etapa - fase 1, o livro didático “Araucária, nossa história: povoamento e trabalho”;
- Otimizar a gestão do tempo dos professores dos quartos anos;
- Instrumentalizar a identidade histórica dos estudantes a partir do estudo das fontes da história local;
- Aprimorar o uso dos recursos financeiros voltados ao estudo e ensino da história de Araucária e região;
- Combater o racismo e a discriminação a partir do debate historiográfico;
- Fortalecer a noção de pertencimento junto aos estudantes e familiares;
- Garantir o cumprimento da legislação e documentos pertinentes ao estudo da História local.

Cronograma

Físico:

2019-2021:
Elaboração e disponibilização dos 11 capítulos sobre a História de Araucária.
2022:
Revisão dos aspectos conceituais, linguísticos e de diagramação de acordo com os apontamentos feitos pelos profissionais da rede municipal de educação.
2023
Fevereiro: recebimento e revisão do Boneco do livro didático/
Fevereiro e Março: Impressão e entrega na Secretaria Municipal de Educação dos livros didáticos;
Março: entrega dos livros didáticos a todas as escolas da Rede Municipal de Educação de Araucária com turmas de quartos anos e EJA;
Maio: envio de formulário aos professores dos quartos anos e EJA para reavaliação do livro “Araucária: nossa história” nos seus aspectos didático-metodológicos.

Financeiro:

O projeto conta com recursos existentes dentro da estrutura da Secretaria Municipal de Educação que consiste em profissionais designados para elaboração, revisões técnicas, licitação, entre outros atos administrativos. Conta ainda com a disponibilização de materiais de escritório e infraestrutura.

Orçamento:

Entre 2019 e 2022 o município teve como custos com o projeto o pagamento dos funcionários, destinados à elaboração, revisão técnica e a disponibilização de espaço próprio de trabalho e despesas com materiais de expediente e equipamentos.
Em 2023, foi destinação de verba específica para a impressão do material para os estudantes e professores da Rede Pública Municipal, respeitando o processo licitatório para esta finalidade.

Beneficiários Diretos:

Estudantes: 2039, sendo 1933 dos 4º anos e 106 da EJA.
Professores: 94, sendo 78 dos 4º anos e 16 da EJA.
Reserva Técnica: 367 usuários

Beneficiários Indiretos:

Diretores, pedagogos e familiares dos estudantes.

Resultados:

- A disponibilização do livro didático sobre a História de Araucária permite que os professores possam melhor aproveitar as horas atividades no planejamento das aulas e correção das atividades.
- Permitiu a economia de recursos financeiros públicos, disponibilizando um material de qualidade superior em termos gráficos e pedagógicos.
- Auxiliou as famílias com a economia doméstica ao trazer o caderno de atividades incluso no próprio livro. Por ser consumível, ao final do ano letivo, o livro passa a fazer parte do acervo bibliográfico familiar.

Anexos

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