Banco de Projetos

Intensificação do tratamento do diabetes de pessoas entre 40 e 50 anos na atenção primária à saúde em Curitiba

Ano / Edição: 2022
Município: Curitiba
Função de Governo: Saúde

Diagnóstico

Em julho de 2021, a Atenção ao Diabetes Mellitus (DM) na Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS) contava com mais de 56 mil pessoas inscritas. Com a pandemia da COVID-19, em março de 2020, e a necessidade de distanciamento social, muitas não procuraram atendimento presencial nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e o percentual de casos com controle glicêmico inadequado aumentou. É amplamente conhecido o impacto positivo da intensificação do tratamento medicamentoso e do controle glicêmico nas pessoas com diabetes, como redução de 24% de complicações microvasculares, 15% de redução de Infarto Agudo do Miocárdio e 13% de redução da mortalidade geral. No entanto, a inércia terapêutica para condições como o diabetes é um desafio mundial e local. Estudos demonstram que o tempo médio para intensificação do tratamento medicamentoso é de 2,7 anos para o acréscimo de uma segunda droga, 7,2 anos para a instituição de insulinoterapia e 3,7 anos para a intensificação da insulinoterapia (KHUNTI, 2013 e 2016). Pessoas mais jovens e com diabetes não controlado têm mais chance de apresentar complicações micro e macrovasculares, com impacto sobre qualidade e tempo de vida. Em julho de 2021, com a desaceleração da pandemia, o atendimento programado foi retomado e a SMS elaborou um projeto de intensificação do cuidado multiprofissional para um subgrupo populacional – pessoas entre 40 e 50 anos com diabetes de alto risco (hemoglobina glicada maior de 9%) - como estratégia de ampliação de acesso e equidade. Nesta faixa etária, muitas pessoas são economicamente ativas e frequentam menos a UBS; o DM de início precoce e com pior controle metabólico aumenta o risco de complicações em curto e longo prazo; e o tratamento intensivo precoce reduz a severidade do quadro, caracterizando o efeito legado. Em contrapartida, ao desenvolverem competências para atuar neste subgrupo, as equipes de saúde ofertam um melhor cuidado a todas as pessoas com DM.

Descrição

Para a implementação da estratégia, de julho de 2021 até hoje as etapas envolveram:
1) desenho da intervenção por representantes do nível central e distrital, a partir de experiências prévias;
2) identificação dos usuários nos relatórios de inscritos no programa;
3) implantação de fluxos assistenciais com definição de ações do nível distrital e local, por categoria profissional, a partir de indicadores como estrato de risco, insulinoterapia, última consulta médica e odontológica, data e último resultado de hemoglobina glicada;
4) ampliação do acesso com consultas remotas para monitoramento e apoio ao autocuidado e consultas presenciais em horários alternativos facilitando a ida do usuário ao atendimento;
5) ampliação das consultas compartilhadas entre médicos da APS e endocrinologistas;
6) processos educacionais para a equipe de saúde com vídeos institucionais, encontros online abordando os fluxos, encontros presenciais para desenvolvimento de habilidades como intensificação do tratamento, gestão de caso e apoio ao autogerenciamento do DM (automonitoramento e autoajuste de insulina) e às mudanças de comportamento;
7) acompanhamento do processo a partir dos relatórios, do painel de monitoramento e de reuniões periódicas.

Objetivos

Gerais:

Melhorar o cuidado ofertado às pessoas com DM na APS em Curitiba, priorizando o subgrupo de 40 a 50 anos com diabetes de alto risco (hemoglobina glicada maior ou igual a 9%).

Específicos:

a) reduzir a inércia terapêutica e intensificar o tratamento de DM;
b) fortalecer o monitoramento e a gestão de pessoas com DM adscritas à UBS;
c) instituir um processo educacional estruturado para profissionais de saúde e usuários para o cuidado do DM;
d) apoiar o autogerenciamento do DM e a execução do plano de cuidados.

Metas a atingir:

• 100% das UBS com equipe de saúde treinadas para a implementação dos fluxos de intensificação assistencial do diabetes.
• 100% dos farmacêuticos de apoio à APS treinados em insulinoterapia e monitoramento de glicemia capilar.
• 80% dos médicos e enfermeiros da APS treinados em insulinoterapia e monitoramento de glicemia capilar.
• Redução do número total de pessoas entre 40 e 50 anos inscritas com diabetes de alto risco.

Cronograma

Físico:

Ação Prazo/ período Setor Responsável
Elaboração e validação do projeto Agosto de 2021 DAPS
Apresentação dos fluxos assistenciais na APS para os Distritos Sanitários Agosto de 2021 DAPS
Produção das videoaulas Setembro 2021 DAPS
Treinamentos específicos para as diferentes categorias profissionais Outubro de 2021 DAPS/Distritos Sanitários
Aula online para todos os profissionais da APS sobre o fluxo geral Outubro de 2021 DAPS/Distritos Sanitários
Aula presencial sobre Abordagem do Cuidado de pessoas com Diabetes Outubro de 2021 a março de 2022 DAPS
Educação continuada a partir das necessidades levantadas em área Novembro de 2021 até o presente DAPS/Distritos Sanitários
Monitoramento periódico do número pessoas entre 40 e 50 anos inscritas com diabetes de alto risco Permanente UBS/Distritos Sanitários/DAPS

Financeiro:

Foram utilizados recursos já existentes no processo de trabalho (RH, insumos)

Orçamento:

Foram utilizados recursos já existentes no processo de trabalho (RH, insumos)

Beneficiários Diretos:

1781 pessoas entre 40 e 50 anos inscritas com diabetes de alto risco (julho/agosto 2021).

Beneficiários Indiretos:

56.700 pessoas inscritas com diabetes na APS (julho/agosto 2021).

Resultados:

De julho até o presente momento, destacam-se como resultados:
1) coordenação das equipes da APS pelos farmacêuticos para apoio ao automonitoramento de glicemia capilar (AMGC) e ajuste de insulina;
2) maior eficiência da enfermagem na análise do controle glicêmico e apoio ao AMGC pelos usuários;
3) intensificação da insulinoterapia pelos médicos;
4) aproximação dos médicos da APS aos endocrinologistas telerreguladores e da coordenação;
5) gestão de casos complexos com participação de nutricionistas e profissionais de educação física;
6) empoderamento dos usuários para o autogerenciamento do DM;
7) 100% dos Distritos Sanitários com monitoramento sistemático do número de pessoas entre 40 e 50 anos com diabetes de alto risco;
8) Redução do número de pessoas entre 40 e 50 anos com diabetes de alto risco em julho de 2022 para 1550;
9) 100 % das UBS com equipes treinadas para implementação do fluxo assistencial;
10) 100% dos farmacêuticos de apoio à APS treinados em relação à insulinoterapia e ao monitoramento de glicemia capilar.
Em relação aos processos educacionais, foram elaboradas 25 videoaulas sobre os fluxos assistenciais e tratamento do diabetes. Até dezembro de 2021, ocorreram 16 treinamentos sobre abordagem do cuidado para pessoas com diabetes e 10 treinamentos online sobre o fluxo assistencial geral e específico. Em 2022, há uma agenda semanal de treinamento presencial dos médicos da APS com o endocrinologista da coordenação do DAPS a partir das demandas oriundas da APS e dos Distritos Sanitários.
Outro resultado parcial observado até dezembro de 2021 foi a busca ativa de 97% das 1781 pessoas identificadas em julho de 2021, com exclusão de 271 por inconsistências cadastrais. Das 1510 acompanhadas, 1461 passaram por consulta médica (97%) entre ago/dez 2021 e 952 por consulta odontológica nos últimos 12 meses (63%), 888 estavam em AMGC (59%) e 322 reduziram a hemoglobina glicada para menos de 9% (21%).

Anexos

Documentos Anexados:
Nenhum Anexo

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