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IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE ENERGIA SOLAR NA ASSOCIAÇÃO DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU

Ano / Edição: 2020
Município: Santa Terezinha de Itaipu
Função de Governo: Gestão Ambiental

Diagnóstico

1. DIAGNÓSTICO

1.1 BREVE HISTÓRICO DA ACARESTI

A Associação dos Catadores de Resíduos Recicláveis e/ou Reaproveitáveis de Santa Terezinha de Itaipu (ACARESTI) foi Fundada no ano de 2004. Em outubro de 2006, a ACARESTI ganhou sede própria através da construção de um barracão de 208,70 m² em um terreno com área de 800 m², localizado na Área Industrial do Município de Santa Terezinha de Itaipu.
Em 2006 a ACARESTI contava com 28 associados, e o recebimento e comercialização dos materiais recicláveis eram realizados com o apoio da Prefeitura Municipal que disponibilizava dois funcionários para receber, controlar e enfardar os materiais que chegavam no barracão.
Os materiais recicláveis coletados pelos catadores que moravam aos arredores da sede da ACARESTI, eram encaminhados por eles mesmos, para o barracão. Para os catadores que moravam mais distantes um trator com um vagão coletor, buscava os materiais nas casas dos catadores e levava até o barracão localizado na área industrial do município.
No ano de 2011 o barracão da ACARESTI recebeu uma ampliação na cobertura de 300 m², totalizando 508.70 m² de área coberta, através do projeto aprovado pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA. A coleta seletiva de materiais recicláveis até o ano de 2013, era realizada pelos catadores da Associação dos Catadores de Resíduos Recicláveis e/ou Reaproveitáveis de Santa Terezinha de Itaipu (ACARESTI). A mesma era constituída por 20 catadores que coletavam os materiais porta a porta através de carrinhos movidos a tração humana, onde a coleta era apenas realizada nas proximidades de suas moradias. Desta maneira os catadores coletavam aproximadamente 30 toneladas de materiais recicláveis recolhidos durante o mês, e a média de faturamento de 450,00 reais era recebida por cada catador.
Este grupo de catadores atuantes neste período era constituído, em sua maioria, por mulheres que possuíam idade entre 40 e 55 anos, muitos deles acabavam recolhendo os materiais e levando para suas residências e terrenos vizinhos onde realizavam a triagem, pois o barracão da ACARESTI fica localizado na área industrial do município, distante de suas residências. Dessa maneira, estas residências produziam mal cheiro, geravam poluição visual, pois recebiam acúmulo muito grande de materiais, contribuíam para a proliferação de roedores e insetos como o mosquito transmissor da dengue.
Outro fator preocupante era o número reduzido de catadores, que sofriam com o impasse de recolher os materiais nas residências através de carrinhos, não conseguiam realizar o percurso em todas as vias públicas na cidade. Dessa forma, a população acabou assim, desestimulando a separação dos materiais recicláveis em suas residências.

1.2 IMPLANTAÇÃO DO NOVO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA EM 2014

Tendo em vista a situação exposta, pela dificuldade de coleta dos materiais recicláveis, baixa renda dos catadores, questões ambientais e, também, preocupados com a Lei Federal 12.305 de 2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que proíbe o município descartar os materiais recicláveis ao Aterro Sanitário, criou-se o decreto municipal de Nº 128/2014 que regulamenta sobre a coleta, disposição e armazenamento dos materiais recicláveis, onde o município assume a responsabilidade da coleta dos mesmos e destina gratuitamente todo o material recolhido para a ACARESTI.
Com a implantação do Programa de Coleta Seletiva em Santa Terezinha de Itaipu no início de 2014, constatamos a evolução significativa da coleta dos materiais recicláveis em toda região do município. Através da elaboração de um cronograma de coleta que divide o perímetro urbano em quatro regiões. Dessa forma, os colaboradores da prefeitura municipal realizaram uma campanha intensa de distribuição dos cronogramas e de bolsas de ráfia as residências, comércios e industrias.
Destaca-se que outras ações foram realizadas juntamente com apoio da Secretaria Municipal Agropecuária e Meio Ambiente e de Educação com palestras nas escolas municipais e estaduais, divulgação da campanha de coleta seletiva na rádio Comunitária e carros de som.
Atualmente a coleta é realizada porta a porta, por três caminhões baús identificados com o logo do projeto, com o apoio de 3 motoristas e 12 catadores da associação. Estes são responsáveis pela coleta. Hoje a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis e/ou Reaproveitáveis de Santa Terezinha de Itaipu – ACARESTI é constituída por 60 catadores que trabalham no barracão da ACARESTI no formato de associação onde é realizado a comercialização dos materiais separados e prensados e posteriormente os valores são divididos entre os associados conforme os dias trabalhados.
Não existem mais residências ou terrenos baldios que sejam usados para armazenar os materiais recicláveis, garantindo uma cidade mais limpa e reduzindo o risco de foco de dengue e proliferação de roedores e outros insetos. Graças ao apoio da população no primeiro mês de coleta foram recolhidos 110 toneladas de materiais recicláveis, mantendo uma média de 100 toneladas/mês em 2014, aumentando 233% da coleta realizadas pela ACARESTI.
Consequentemente, a renda dos associados acompanhou a evolução do material recolhido. Antes da implantação do programa os catadores recebiam em média de 450,00 reais/mês e hoje o faturamento é em média de R$:1.900,00 mensais, podendo chegar a cerca de R$:3.000,00 mensais, por catador.
Dessa forma, os catadores deixaram de realizar a coleta através de carrinhos trabalhando no sol e na chuva, para realizarem a triagem dos materiais recicláveis no barracão, propiciando um trabalho mais digno num ambiente apropriado. Outro fator positivo, é o fornecimento de apoio técnico pela prefeitura para contribuir com a organização do barracão da ACARESTI, onde o mesmo auxilia o desenvolvimento das atividades da associação, além de incentivar a autogestão da mesma.
Diante do exposto, não restam dúvidas que a reciclagem, promovida, na sua maioria, pelas associações de catadores de lixo e pela iniciativa privada, é considerada uma forma de empreendedorismo comprometido com o social. Em outras palavras, os catadores viram no “lixo” uma alternativa para sua sobrevivência e a sociedade encontrou na reciclagem uma maneira de reverter o crescente quadro de degradação ambiental.
Para a ação empreendedora acontecer, há de destacar a criatividade e a disposição de um sujeito em criar soluções inovadoras, mas também de um grupo qualquer. Há, com efeito, uma mudança de paradigma a partir do momento em que considera-se que as ações dos indivíduos, sejam em agrupamentos ou não, podem em determinados momentos colocar em prática ações empreendedoras, levando em conta suas necessidades e o contexto nos quais estão inseridos, o que inclui a identificação ou criação de oportunidades.
Segundo a Revista Gestão e Planejamento (2019), o empreendedor é aquele indivíduo que inova. A mudança sempre proporciona a oportunidade para o novo e o diferente. E seria a inovação uma sistemática que busca de forma deliberada e organizada mudanças que tendem oferecer inovações econômicas e/ou sociais. Seguindo este pensamento, e levando em consideração todas as melhorias conquistadas, seja em infraestrutura e equipamentos ou convênios recentes, é notório que os custos operacionais na ACARESTI são elevados, e aumentam consideravelmente na medida em que as melhorias ocorrem. Assim sendo, houve a necessidade de se pensar em novas oportunidades dentro do processo da associação, a partir do momento em que se observaram os gastos com energia elétrica, que representam o maior consumo dentro da ACARESTI, fazendo necessária alguma intervenção de modo a reduzir esses custos e de forma que se obtenha a sustentabilidade econômica e ambiental do processo.
Através da análise destes gastos, optou-se pela implantação de um sistema de captação de energia solar na ACARESTI, visando a sustentabilidade do processo ambientalmente e financeiramente, uma vez que toda economia com gastos, retorna como benefícios e renda para o catador.

Descrição

3. DESCRIÇÃO

Tendo em vista os valores desembolsados com os custos para manutenção das atividades da ACARESTI, buscou-se meios de garantir a sustentabilidade financeira do projeto, tanto quanto a ambiental.
Dentre as alternativas pesquisas, as que melhor se enquadraram à demanda da ACARESTI foram a implantação do sistema de geração de energia solar.
O sistema é apresentado da seguinte forma:

3.1 ENERGIA SOLAR

Energia solar é uma ótima opção na busca por alternativas que não agridam o meio ambiente, pois é uma fonte não poluente e inesgotável. No Brasil essa forma de energia está aumentando de forma muito significante. Além disso, a radiação solar pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica, para aquecimento de fluidos e ambientes e para geração de potência mecânica ou elétrica. Pode ainda ser convertida diretamente em energia elétrica, por meio de efeitos sobre determinados materiais, entre os quais se destacam o termoelétrico e o fotovoltaico.
O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes, denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da radiação solar nas edificações, reduzindo-se, com isso, as necessidades de iluminação e aquecimento. Assim, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito com o auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção.
Uma das formas de se obter energia elétrica através do sol é através de um sistema fotovoltaico. Esse sistema converte a luz solar em energia elétrica através do uso de módulos fotovoltaicos ou painéis que são interligados entre si.


FIGURA 1- Esquema da produção de energia elétrica numa casa, através dos painéis fotovoltaicos.



Para saber se a energia solar é um investimento economicamente viável, é necessário recorrer ao uso de modelos de análise que avaliem tanto os custos do investimento quanto os benefícios decorrentes do mesmo (COSTA et al., 2000 e FADIGAS, 1993). Dentre os métodos econômicos disponíveis, podem-se citar os mais comuns, que são: o da taxa de retorno, o da relação custo/benefício, o do tempo de retorno e o do custo da vida útil.
Os métodos de avaliação econômica de sistemas energéticos diferem essencialmente na maneira em que relacionam custos e benefícios que, mesmo ligados entre si, não são necessariamente excludentes, pois tratam de tipos diferentes de decisões de investimentos. Assim, para alguns tipos de decisões, a escolha de um método é mais importante do que a de outro (HIRSCHEFELD, 1996).
Hoje a central de processamento de materiais recicláveis da ACARESTI consome em média 1286kwh/Mês, o que representa um custo aproximado de R$: 1.300,00/mês destacando que estão em funcionamento um conjunto de esteiras, três prensas hidráulicas verticais, uma prensa hidráulica horizontal, uma prensa para metais não ferrosos, uma balança digital, descascador de fios, fragmentador de papéis, computadores, condicionadores de ar e demais ferramentas elétricas, entretanto, novos equipamentos podem e devem ser adquiridos, de modo a melhorar o ambiente de trabalho, a velocidade com que se processam os materiais e, consequentemente, a renda dos catadores.
Com base nestes novos equipamentos o sistema para geração de energia fotovoltaica foi projetado para produzir 1.600 kwh/Mês para atender e suprir a demanda por consumo de energia elétrica na central da ACARESTI. Destacando que futuramente o sistema de geração de energia elétrica poderá ser ampliado caso haja necessidade.

3.1.1 Custo da Tecnologia

O Brasil recentemente começou a fabricar painéis fotovoltaicos, em pequena escala devido aos altos custos da instalação do sistema fotovoltaico e a pequena demanda. O silício, principal material utilizado nos painéis, existente em grande quantidade no Brasil, é exportado para diversos países a preços baixos onde é purificado e transformado em célula solar e importado ao Brasil por valores elevados devido aos costumeiros impostos, taxas, custos de transportes, despachantes, dentre outros, encarecendo qualquer ação em prol do meio ambiente, através da implantação desses sistemas.
Observa-se, atualmente, um crescimento acentuado do mercado de células fotovoltaicas, baseando-se no financiamento e implantação de sistemas de geração de energia fotovoltaica, que operam conectados à rede elétrica e o proprietário do sistema criando uma espécie de banco de horas, relativo a quantidade de energia injetada à rede.
O sistema instalado é recomendado para consumidores da classe tarifária B1 convencional, que atualmente pagam um valor aproximado de R$ 0,79878o kWh (considerando a Tarifa + ICMS + PIS + COFINS).

O consumo considerado na elaboração do projeto pode ser melhor visualizado a partir da tabela abaixo apresentada, onde é possível observar que, além do consumo, o valor final da fatura é definido pelo valor do KWh pago pelo consumidor, de forma a interferir, também no tempo de retorno do investimento.





Com base nos valores apresentados na tabela acima, juntamente com o levantamento técnico realizado in loco para elaboração do projeto e antevendo futuras ampliações na ACARESTI, foi elaborado o projeto técnico e orçamentos para instalação do sistema adquirido. Dessa forma temos o seguinte:
A proposta considerou uma infraestrutura com capacidade de geração de 12,42kW e leva em consideração o consumo de energia elétrica do local e o espaço disponível.



O orçamento é organizado na forma de pacote completo, de forma a considerar todos os investimentos necessários para ter um sistema instalado e funcionando, com confiabilidade, garantias e suporte técnico necessários.
Todos os requisitos de segurança e homologação COPEL estão considerados e incluídos. Os trabalhos foram realizados por profissionais capacitados do setor de engenharia da Enerluz, conforme tabela abaixo:





GRÁFICO DE PAYBACK:

O cálculo de payback leva em consideração a vida útil das placas dentro da garantia e um reajuste anual na tarifa de energia de 5%.



Como mostrado na imagem anterior, o custo de investimento terá seu retorno garantido dentro de um prazo de aproximadamente 5 anos onde, além do retorno financeiro, o gerador injeta a geração de energia excedente não consumida, na rede de destruição local, e cria créditos junto a COPEL para que possam ser utilizados em momentos onde a geração de energia pelo sistema seja inferior a demandada pela ACARESTI.
A ideia da implantação deste modelo, além de financeiro, é ambiental, pois a associação tornou-se um centro de referência e modelo de sucesso no quesito qualidade na coleta seletiva, sendo utilizada como local para disseminação de políticas de educação ambiental, recebendo apoio, principalmente mas não somente, de ITAIPU BINACIONAL.

Objetivos

Gerais:

O objetivo da implantação da energia solar na ACARESTI, é a redução dos custos com o consumo de energia elétrica, além de mostrar que as associações de catadores são locais autossustentáveis, aproveitando todas as fontes de energia que dispõe, sendo assim uma referência nacional de sustentabilidade ambiental e financeira.

Específicos:

• Tornar a ACARESTI referência nacional em sustentabilidade, com produção própria de energia elétrica;
• Produção e consumo de uma energia de energia renovável, que ainda é pouco explorada e apresenta grande potencial para microgeração de energia, também considerada uma alternativa sustentável em pequena escala;
• Economia para associação dos catadores que cada vez mais utiliza a energia elétrica para movimentação de seus equipamentos, reduzindo custos nos processamentos dos materiais recicláveis;
• Aumento da renda do catador, uma vez que quanto menor os gastos com custos operacionais (energia elétrica), maior retorno financeiro para cada associado;
• Modelo para replicação desta tecnologia, pois além da população itaipuense que visita o local, já passaram até representantes de outros estados e países;

Metas a atingir:

- Diminuir o consumo de energia elétrica;
- Diminuir o valor em R$ gastos com a energia elétrica;
- Maior retorno financeiro para os catadores, tendo em vista que quanto menor os gatos operacionais, maior a renda de cada catador;
- Manter o sistema em perfeito funcionamento para que as metas sejam sempre atingidas.
- Promover a disseminação de ideias de boas práticas sustentáveis.

Cronograma

Físico:

6. CRONOGRAMA (FISICO E FINANCEIRO)

Atividade 06/2020 07/2020 08/2020 09/2020 10/2020 11/2020
Manutenção do sistema de energia solar X X X X X X

Financeiro:

6. CRONOGRAMA (FISICO E FINANCEIRO)

Atividade 06/2020 07/2020 08/2020 09/2020 10/2020 11/2020
Manutenção do sistema de energia solar X X X X X X

Orçamento:

O ORÇAMENTO ENCONTRA-SE EM ANEXO.

Beneficiários Diretos:

Os beneficiários do projeto são os catadores da associação, uma vez que todo o saldo gerado com a economia das faturas de energia elétrica, ficarão à disposição em fundo de caixa e poderão ser utilizado para outros fins como, por exemplo, aquisição de EPI’s, uniformes, manutenção de equipamentos, etc e maior renda para cada catador.

Beneficiários Indiretos:

Indiretamente todos os cidadãos são beneficiados, a partir do momento em que são utilizados sistemas sustentáveis, que diminuem o uso de bens naturais. Escolas, associações, cooperativas de catadores que possam realizar visitas no local para conhecer a eficiência e o sucesso da implantação, e o mais importante levar esta ideia e replicar em seus municípios, residências, etc.

Resultados:

8. RESULTADOS

As Cidades são centros de inovação, onde as pessoas e os recursos se encontram para gerar inovação. Para se obter o máximo de benefícios, os gestores precisam acertar em muitas coisas: conhecer suas particularidades, seu povo, seus negócios, seus agentes de inovação e seu território. Quanto mais inteligente, melhor será a qualidade de vida e de sucesso nos negócios da cidade (IBCIHS, 2020).
A inovação na cidade não prevalecerá sem a força dos prefeitos e dos gestores públicos. Mostrar, porém, a liderança nos momentos em que a balança pesa entre a democracia representativa e a democracia direta não é uma tarefa fácil. Conciliar a opinião das pessoas com as restrições técnicas, regulatórias e orçamentárias pode ser considerada praticamente uma arte. Quem dominar melhor essa arte colherá com efetividade os méritos da digitalização das cidades: assumirá rapidamente ganhos altamente mais eficientes, terá mais oportunidades de negócios, terá uma cidade inteligente, e cidadãos mais felizes (IBCIHS, 2020).
As cidades sustentáveis se desenvolvem com o alinhamento das necessidades das pessoas, utilizando seu potencial criativo para desenvolver novos mercados para a economia da cidade, respeitando e cuidando do meio ambiente, utilizando a tecnologia para facilitar as conexões e para melhorar os serviços, garantindo assim que a cidade se torne um ecossistema sustentável e que melhore a qualidade de vida e o índice de felicidade da sociedade, de maneira perene.
Uma cidade sustentável também precisa ter políticas públicas voltadas para isso. Dentre estas políticas, o gerenciamento dos resíduos sólidos gerados pela cidade, é uma questão importantíssima a se dar atenção. O gerenciamento adequado dos resíduos, vem de encontro a atender as questões ambientais, sociais e em especial as leis ambientais vigentes no país, como a Lei Federal 12.305/10, que trata da Política Nacional de Resíduos sólidos, onde determina todos os requisitos de adequação municipal que os gestores devem se pautar.
A gestão integrada dos resíduos sólidos no âmbito municipal, deve ser realizada através das parcerias entre o setor privado e o setor público, mas inicialmente deve acontecer nas ações dos geradores de resíduos, envolvendo toda a sociedade. Neste sentido, o poder público municipal tem a responsabilidade de atuar como coordenador das atividades na cadeia de resíduos, de forma a desenvolver e colocar em prática procedimentos que contribuam para sua gestão adequada.
Pela lei 12.305/2010 as cooperativas e associações devem ser incluídas na gestão de resíduos e podem prestar serviços para as Prefeituras com dispensa de licitação (lei 11.445), assim como devem ser incluídas nas operações de logística reversas podem prestar serviço nessa área, e claro, receber pelo trabalho. Para resolver estas questões de maneira adequada o poder público municipal itaipuense, realizou a contratação, no ano de 2018, da associação dos catadores de resíduos recicláveis para a realização da coleta seletiva de lixo e no ano de 2019 a contratação da associação para a coleta dos resíduos orgânicos.
No município de Santa Terezinha de Itaipu, a preocupação com o meio ambiente tem se tornado, cada vez mais, uma obrigação entre a população em geral. Nesse sentido, a associação dos catadores local, ou seja a ACARESTI, é uma grande influenciadora do comportamento social, pois é modelo de referencia regional e nacional se tratando de coleta seletiva e sustentabilidade, pois tem mudado sua forma de gestão, de modo a minimizar os impactos ecológicos e conscientizar seus colaboradores para a questão ambiental, adotando mudanças na sua gestão que visam diminuir os danos à natureza e também buscando a lucratividade a partir de processos humanizados e que respeitem o meio ambiente (IBC, 2018). Hoje a Associação utiliza-se totalmente da energia solar para suprir a demanda energética necessária para seu processo e manutenção das instalações.
Para promover a ACARESTI como centro de referência em empreendedorismo e sustentabilidade, a gestão municipal precisou através de seu gestor, ter uma visão empreendedora em relação a associação. Essa visão, proporcionou com que a gestão visualizasse o cenário ideal em que a associação deveria atingir, para chegar no patamar de auto sustentabilidade em que hoje se encontra. A gestão pública teve o papel importante de promover constantemente uma cultura colaborativa, incentivando os associados a se desenvolverem de maneira contínua, através de cursos de capacitação; cursos de desenvolvimento pessoal, etc, bem como sempre instigou os associados a buscar parcerias e convênios para a estruturação e desenvolvimento do espaço que hoje é referência.
Salienta-se que a gestão pública municipal, apoia a ACARESTI constantemente, através de convênios e parcerias em prol da melhoria dos espaços para a realização dos trabalhos dos catadores, aquisição de equipamentos modernos e eficazes, apoio nos trabalhos de educação ambiental e principalmente o apoio técnico para os catadores na parte administrativa da associação.
Com todo esse olhar voltado ao potencial da ACARESTI - Associação de Catadores de Resíduos Recicláveis e/ou Reaproveitáveis Santa Terezinha de Itaipu, pelo gestor público municipal, hoje a associação do município, é referência em todo o Brasil, por se tratar de um local auto sustentável, com uma equipe comprometida no trabalho, e sobretudo com uma renda super valorizada, se comparada a vários profissionais do mercado de trabalho municipal.
Aproveitando o potencial da ACARESTI, e buscando sempre inovar dentro do seu ambiente de trabalho, a associação buscou parcerias e convênios para tornar se tornar centro de referência em coleta seletiva, através da adequação dos espaços, aquisição de novos equipamentos, entre eles a implantação do sistema de captação da energia solar. A associação implantou placas de geração de energia fotovoltaica, que reduziram os gastos com a conta luz e tem contribuído com a preservação do meio ambiente. O sistema de luz própria instalado na Associação converte os raios solares em energia elétrica. O investimento além de tornar a Acaresti um exemplo para os demais municípios, transformou a realidade de homens e mulheres que tiram da associação o seu sustento, pois uma vez que os gastos com a operacionalização que utiliza-se de energia elétrica, são reduzidos, maior o retorno financeiro para cada associado.
A economia com os custos de energia elétrica, desde instalados (sistema solar em 12/2018), somam um valor aproximado de R$: 25.000,00. Valor este que fica disponível para usos diversos da ACARESTI, tornando a associação um local sustentável financeiramente, pois possui um fundo de caixa para eventual problemas a serem resolvidos, bem como para atender as demandas dos catadores. A tecnologia de captação de energia elétrica garante que a economia e a sustentabilidade andem de mãos dadas em prol a um meio ambiente saudável e à dignificação do trabalho do catador, através das melhorias da condição de trabalho e uma melhor renda.
Salienta-se que a ACARESTI, sempre busca novas oportunidades de empreender, superar e inovar dentro do seu ambiente de trabalho, e uma destas oportunidades é firmar novos contratos e parcerias em prol do crescimento da associação. Hoje a ACARESTI mantém contratos como:
- COLETA DO LIXO ORGÂNICO;
- COLETA SELETIVA;
- CONTRATO COM A ABIHPEC - LOGÍSTICA REVERSA - comércio de dados fiscais.
- CONVÊNIO ITAIPU – adequação de espaços, aquisição de equipamentos e sistemas para transformar a ACARESTI em um centro de treinamento e referência regional em coleta seletiva sustentável.
- AUXÍLIO EVENTUAL ITAIPU BINACIONAL – Recursos destinados à mitigação dos impactos gerados pela COVID-19.
- PARCERIAS e CAPTAÇÕES DE RECURSOS DIVERSAS – Fundação Banco do Brasil, FUNASA, Programa Ecocidadão Paraná; dentre outras.

Portanto, pode-se concluir que para obter-se uma cidade sustentável, com empresas atuantes e sustentáveis, o apoio da gestão pública faz-se essencial, para direcionar e estabelecer medidas que sejam implantadas e seguidas para se chegar a este cenário. Estas mesmas medidas devem ser utilizadas para as melhorias no gerenciamento dos resíduos sólidos que é um serviço de utilidade pública e de saneamento básico (CARVALHO, VALADÃO E MACHADO, 2020).
Além da economia financeira, a ACARESTI é foco de visitas de diversos grupos e entidades que a visita no sentido de compreender o sistema e buscar a replicação do modelo implantado, uma vez que já se mostrou como uma experiência de sucesso. Para chegar neste patamar sendo centro de referência em empreendedorismo e sustentabilidade, a ACARESTI tem focado sempre na promoção de uma cultura colaborativa, incentivando os associados a se desenvolverem de maneira contínua, através de cursos de capacitação; cursos de desenvolvimento pessoal, etc, bem como sempre instigou os associados a buscar parcerias e convênios para a estruturação e desenvolvimento do espaço que hoje é referência.
Junto a isso, ainda existe o reconhecimento recebido em diversas ocasiões, onde a ACARESTI recebe prêmios e menções por suas atividades e tecnologias, como por exemplo: Premio MPT- Cidade Pro Catador Paraná (2019), Prêmio Boas Práticas Cidades Sustentáveis, Prêmio BDNES de Economia Solidária, Prêmio Cidade Pro Catador (nacional).

Anexos

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