Ressignificando o papel da escola durante a pandemia: como o CMEI Coração de Maria está diminuindo os impactos negativos no desenvolvimento e aprendizado dos alunos através da parceria escola e família.
Ano / Edição: 2020
Município: Quarto Centenário
Função de Governo: Educação
Diagnóstico
A Educação Infantil é a primeira etapa da educação de ensino, modalidade de que se baseia no brincar, na interação, na prática diária e mediação do professor em ações lúdicas e planejadas.Com o momento de isolamento social, estamos enfrentando o desafio e a superação de ofertar um ensino através de aulas remotas que garantam a aprendizagem e o desenvolvimento dos nossos educandos, considerando a realidade de cada criança e cada família assistida pela nossa instituição de ensino.
A legislação a qual seguimos, vindo da Secretaria de Estado da Educação ao qual estamos subordinados, não autorizou a modalidade de educação remota para alunos da educação infantil, especiamento na faixa etária de 0 a 3 anos de idade, tendo em vista a não obrigatoriedade de cumprimento de carga horária escolar e não obrigatoriedade de matrícula em instituições de ensino, porém dada a importância do trabalho pedagógico realizado dentro dos centros de educação infantil no desenvolvimento dos alunos desta faixa etária, o trabalho de oferta, suporte, orientação e acompanhamento de atividades tendo a partir de então, a família como principal aliada, teve continuidade.
Assim, se fez necessário a realização de um trabalho pautado no fortalecimento do vínculo entre escola e família e na promoção da criança pequena como protagonista de todo o seu processo de aprendizagem através do brincar, da ludicidade, musicalização e desafios dinâmicos.
Considerando as especificidades da Educação Infantil deve-se ocorrer a flexibilização no ensino, superando o distanciamento e as dificuldades enfrentadas por cada família em atender as necessidades educativas dos educandos, se fazendo necessário ações orientadas e participativas, onde família e escola ajam de maneira cooperativa e integrada.
Descrição
Trabalhar com a educação infantil de forma remota, fez com que o professor repensasse sua prática, afinal, ele não tinha mais a sala de aula ao seu alcance, tinha agora uma família parceira para orientar todo seu planejamento e executar as atividades pensadas. O ensino remoto requer um olhar profundo e atento, visto que são as famílias que desenvolverão as atividades orientadas, mas em casa. No CMEI Coração de Maria, assim como em todo processo de educação infantil, o contato, o toque, o lúdico, especialmente contemplando as interações brincadeiras, são a base da práxis do professor, mas, como fazer isso com crianças pequenas, se utilizando de aplicativos como Whatsapp e Facebook, visto que dada a realidade de nossas famílias e as especificidades de nossas crianças, não seria possível utilizar as salas de aula virtuais?
Aflorou então em cada professor um novo profissional, preocupado com esta nova realidade, buscando garantir a afetividade, o contato, a participação, através de aulas que envolvessem toda a família e as instigasse a desenvolver os conteúdos propostos. Elegendo a contação de história, a musicalização e o movimento, como focos de ação, os professores passaram a desenvolver orientações de atividades, vídeos de lindas histórias contadas, desafios dos mais variados para promover a participação maciça nas atividades remotas. O retorno começou a aparecer de forma surpreendente, pois, ao analisar o dia a dia das famílias foi preciso levar em conta que muitas tinham seus membros trabalhando durante o isolamento social e tinham um curto período de tempo durante o dia para se dedicarem à orientação das atividades propostas.
O contato muito direto, a presença sempre das famílias, é uma marca registrada de nossa escola, o nosso desafio então, foi manter esse laço construído durante o isolamento social, no processo de educação remota. Em reunião semanal e as vezes no contato diário, a equipe de gestão assessorava e trocava ideias com os professores sobre como tudo estava se encaminhando. No berçário, retornavam as atividades motoras, a escuta atenta das histórias no celular através dos vídeos e fotos, nos maternais, as atividades lúdicas se utilizando de materiais domésticos, reutilizáveis, as atividades físicas visando o movimento, as interpretações e recontos... Percebeu-se que sim, a educação remota acontecia, com a participação ativa das famílias, que respondiam prontamente aos estímulos dos professores. Atividades e mais atividades onde aflorava também um novo pai, uma nova mãe, um novo irmão, que agora além de família, ganharam um cunho pedagógico em sua ação em casa. Nunca perdendo de vista que todos estavam vivendo uma situação nova, uma nova maneira de ser família, de ser escola, de ser criança! E mais do que nunca era preciso dar as mãos, pois as novidades podem assustar, amedrontar, desestimular e a única certeza era que a parceria escola/família/comunidade deveria ser um ciclo ininterrupto de apoio mútuo.
Na interação com as famílias, os professores passaram a fazer suas interferências, sempre cobrando a participação e a execução as atividades propostas, mas também dando devolutivas sobre a ação deles, sempre com o objetivo de essa ação propiciasse possibilidades significativas de desenvolvimento para as crianças. Em algum momento houve desânimo, não realização, e nessa hora a postura mobilizadora do professor e equipe de gestão fizeram a diferença, precisávamos ser e fomos o ponto de apoio que as famílias precisavam, afinal nós somos os profissionais da educação. Como resposta, temos todas as turmas participando da educação remota, mesmo não existindo, em termos legais, a obrigatoriedade de cumprimento de carga horário escolar para esta fase escolar.
Durante o ano letivo são desenvolvidas várias ações que envolvem a participação da família e comunidade, sendo a maior delas a “festa junina”, que sempre contou com um público muito grande e o envolvimento de toda comunidade local. Como seria não viver essas tradições devido a pandemia...? Nossa escola se adaptou, oferecendo um “kit festa junina”, para que a criança tivesse esse momento em casa. A realização desta atividade mexeu com a cidade, as redes sociais foram inundadas com as publicações das famílias, elas não se prenderam ao chá com pipoca proposto no kit, apareceram mesas repletas de comidas típicas, decoração, crianças e familiares trajados de “caipira”, cantando e dançando em casa, tiveram também pessoas que não faziam parte de nossa comunidade escolar, mas que entraram no desafio junino, para que ainda sem aglomeração e com os seus, pudessem ter esse momento de alegria e cultura popular. O resultado desta ação foi magnífico, se refletindo inclusive no comércio local, que relatou o aumento das vendas de doces e outras comidas típicas e artigos de decoração, que não estavam sendo comercializados devido à pandemia. Várias pessoas da comunidade passaram a comercializar bolos e maçãs do amor, atendendo às famílias que buscavam caprichar em seus “arraiais em casa”.
Outras ações como esta foram realizadas, com efeitos muito positivos, como a “Caixa mágica”, onde a partir de uma caixa com embalagens reutilizáveis, as famílias criaram brinquedos e fantoches na interação com a criança. A relação familiar promovida, a participação na construção dos objetos solicitados, são de encher os olhos. Momentos de puro vínculo afetivo promovidos pela parceria família/escola.
Vivemos a educação remota, sem uma perspectiva de retorno ao ambiente escolar e assim sendo, a escola não pode parar, não pode deixar de cumprir seu papel na sociedade. Alinhada ao que reza a lei para educação infantil, nossa equipe tem buscado trabalhar de maneira eficaz e objetiva com o apoio das famílias todos os direitos de aprendizagem expressos na Base Nacional Comum Curricular: Conviver, Brincar, Participar, Explorar, Expressar e Conhecer-se. Contemplando os campos de experiências, através de objetivos claros e pautados no desenvolvimento físico, psíquico e cognitivo de nossas crianças.
Objetivos
Gerais:
- Proporcionar uma aprendizagem participativa e significativa, pautada no brincar, na ludicidade e na promoção cultural da comunidade, mesmo durante o distanciamento social causado pela pandemia covid 19, de maneira a minimizar os impactos negativos no desenvolvimento de cada aluno.
Específicos:
• Manter o vínculo afetivo do aluno em relação aos seus professores e ambiente escolar;
Trabalhar os saberes e conhecimentos da BNCC, atendendo e adaptando-se ao novo cenário de ensino;
• Proporcionar atividades dinâmicas, interativas e que envolvam toda a família, de maneira prática e prazerosa;
• Desenvolver os aspectos: intelectual, físico-motor e afetivo-emocional e social da criança, através de ações atrativas e lúdicas;
• Estimular a criatividade, fantasia e imaginação com criações e confecções e produções familiares;
• Promover a cultura popular e as manifestações folclóricas, através de vide aulas e desafios que envolvam toda a comunidade.
• Contribuir com o desenvolvimento de competências interativas;
• Garantir o protagonismo da criança em sua aprendizagem, propondo desafios, dinâmicas, experiências e vivências significativas.
Metas a atingir:
Promover ações educativas pautadas na peculiaridade da educação infantil, considerando o novo quadro educacional e adaptando-se o ensino para atender as necessidades da comunidade assistida pelo Cmei Coração de Maria. Assim propõe-se o trabalho de práticas pedagógicas que garantem a participação e o fortalecimento do vínculo escola e família, pois mediante ao ensino a distância, houve o desafio de se ensinar via on line e de se aprender em casa, fazendo-se necessários planejamentos e ações, onde o brincar, a ludicidade e o envolvimento da família,fossem garantidos nesse processo de ensino aprendizagem em situação de pandemia.
Cronograma
Físico:
23/04/2020 - instituição da educação através do sistema remoto
à partir desta data, os desafio são lançados regularmente sempre que existe um oportunidade em que a equipe identifica a possibilidade de execução de um bom trabalho. Não existem datas pré fixadas e até que as aulas presenciais retornem, este será o formato do trabalho.
Financeiro:
Não há desembolso específico de recurso, um vez que o trabalho está sendo realizado por toda equipe de professores, pedagoga e direção da instituição que já são servidores municipais e não foi necessário nenhuma aquisição ou gasto paralelo.
Orçamento:
Não houve a necessidade de se destinar um orçamento específico para o desenvolvimento da ação.
Beneficiários Diretos:
• Crianças;
• Famílias;
• Profissionais da Educação
Beneficiários Indiretos:
• Comunidade Escolar;
• Comércio Local;
• Artesãos;
• Estudantes em Formação.
Resultados:
Os resultados do trabalho pedagógico iniciados de forma remota desde o início a pandemia são extraordinários.
Cerca de 95% das famílias tiveram participação ativa nas atividades propostas.
Reconhecemos como um importante resultado desta ação o envolvimento dos alunos nas atividades propostas, o que nos garante que o vínculo existente entre a escola e a criança não seja perdido em decorrência da paralisação das aulas presenciais e que ainda o vínculo familiar foi fortalecido pela união de pai, mãe e demais membros para planejamento e participação em cada um dos desafios, o que trás resultados imensuráveis para a criança no sentido afetivo.
É necessário considerar que crianças principalmente as menores, demoram um certo tempo para se adaptarem a escola, ao professor e ao ambiente e o receio a princípio era de que no retorno, quando este ocorrer, as crianças tivessem perdido este contato com a escola, o que demandaria um longo trabalho de readaptação individual e a partir de então, sabemos que as crianças continuam envolvidas profundamente como o ambiente escolar, mesmo distantes da escola.
Houve impulsionamento do comércio local, com relatos no aquecimento nas vendas de alimentos típicos de festa junina e algumas pessoas que aproveitaram a oportunidade para venda caseira de itens de decoração, bolos, doces e afins.