Os dados relacionados à violência dentro e fora das escolas são bastante preocupantes e evidenciam que o respeito, fundamento da desejada convivência saudável, na prática vem sendo submetido à progressiva deterioração. A força transformadora da educação, contudo, vai muito além: ambientam-se no espaço escolar como projeção das experiências relacionais entre alunos, pais e educadores.
Analisando o contexto escolar brasileiro, foi possível observar que a maior parte das ações desenvolvidas para lidar com situações de conflitos e violência até o momento, tem sido de natureza punitiva e reativa.
Diante deste cenário as práticas restaurativas surgem como forma de gerenciamento de conflitos, não são soluções mágicas para resolução, mas ferramentas para restauração e responsabilização, auxiliando a mediação das relações e contribuindo para o fortalecimento de vínculos na comunidade escolar.
Explorando as vivências restaurativas como instrumento para amenizar os conflitos no ambiente escolar, desvendando estratégias que inovam, construa e fortaleça relacionamentos saudáveis para uma educação humanizada, o município de Paranavaí implantou na Rede Pública de Educação no ano de 2017, as vivências restaurativas por meio da formação dos profissionais pertencentes às equipes diretiva das escolas, visando minimizar a incidência de indisciplina nas instituições escolares.

O aspecto fundamental para a implantação dessa mudança na cultura da escola é ensinar à comunidade escolar que para além da punição há outras maneiras de lidar com conflitos e violência, é saber lidar que o embate não é algo ruim, mas necessário para construção de um cidadão crítico e autônomo. Para isso precisa-se ter nas escolas equipes diretivas preparadas e dispostas para os processos interventivos de mediação de conflitos, e de comunicação não violenta, bem como momentos de trabalhos sistematizados com horários programados de forma a anteceder e prevenir os conflitos, é preciso ter profissionais inovadores e capacitados para lidar de forma restaurativa com questões recorrentes no ambiente escolar, pessoas que pratiquem a cultura da paz, do respeito e do diálogo.
Tendo em vista a fase escolar da educação básica atendida pelo projeto, e considerando que nesta faixa etária a criança precisa aprender a lidar com suas emoções e sentimentos, que ora inibem, e ora são externados de forma agressiva, o projeto visa contribuir no gerenciamento das emoções, e aprender com as situações adversas, direcionando-os a uma resiliência comportamental.
Com a implantação do projeto de práticas restaurativas nas Escolas da Rede Pública Municipal, foi mensurado um avanço significativo nas relações sócio-afetivas, o que contribuiu para atenuar os índices de violência interna no ambiente escolar. As principais ações implementadas no projeto, foram à sensibilização da equipe diretiva por meio de capacitação de vivências restaurativas e conhecimento teórico, para posteriormente replicar a todos os profissionais da escola e somente então com os alunos e suas famílias.
As práticas são desenvolvidas iniciando com a Orientação Educacional da instituição (função que tem por atribuição estabelecer vínculo entre o aluno, família e escola) que recebem uma formação mensal pela Secretaria Municipal de Educação. E posteriormente a desenvolvem através de um cronograma estabelecimento por cada instituição, sendo que devem partilhar com os alunos uma vez por semana, e sempre que possível com os demais profissionais da instituição.
Esse movimento tem por objetivo o respeito à vida, a cultura do diálogo, a solução pacífica dos conflitos, o compromisso com os direitos humanos e o sentimento de pertencer ao grupo. É desenvolvido em 19 escolas, alcançando 585 profissionais e beneficiando aproximadamente 6.700 alunos e suas famílias, com um investimento de R$ 22.080,00 (vinte e dois mil, e oitenta reais).

Gerais:

O objetivo geral do projeto práticas restaurativas é promover e estabelecer um plano de convivência pacífica, e mediar os conflitos relacionais no ambiente escolar, minimizando a indisciplina sem valer-se do paradigma punitivo e da comunicação violenta, com isso fortalecer a prática de relações humanizadas na Rede Pública Municipal de Educação do Município de Paranavaí.

Específicos:

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Trabalhar valores humanos essenciais;
• Restaurar as relações afetadas pelo conflito;
• Auxiliar o aluno no entendimento das responsabilidades, construção conjunta dos acordos e das normas escolares;
• Preparar as crianças para um conjunto de habilidades sociais e emocionais necessárias ao desenvolvimento de uma personalidade equilibrada;
• Aprimorar as relações interpessoais através da comunicação eficiente;
• Adotar os conflitos como oportunidade de mudança e aprendizado;
• Prevenir e buscar uma boa convivência na escola;
• Minimizar as relações conflituosas que possam desencadear a violência, as discriminações e intolerâncias;
• Contribuir na segurança da comunidade escolar;

Metas a atingir:

A finalidade do projeto é contribuir na construção de práticas saudáveis, levando em consideração que os conflitos ocorridos na escola, se bem gerenciado, podem ser aplicados para o fortalecimento dos vínculos sociais, promovendo a edificação do sentido de pertencimento e participação da comunidade escolar, essencial para o desenvolvimento de sentimento de responsabilidade por uma convivência colaborativa, e com isso fortalecer a prática de relações humanizadas corroborando a expansão de uma educação de qualidade.

Físico:

Início do projeto durante o ano de 2017:
Abril/2017 – Levantamento do índice de ocorrência interna nas instituições de ensino da Rede Escolar Pública Municipal;
Maio/2017 – Visita Técnica na Universidade Estadual de Maringá- UEM, para conhecimento e informações sobre o movimento das Práticas Restaurativas;
Julho/2017 – Capacitação Pedagógica com o Tema Práticas Restaurativas, com todos os profissionais da Rede de Educação Pública Municipal, para o primeiro contato e reflexões de formas diferenciadas de gerenciar os conflitos na escola;
Outubro/Novembro/Dezembro/2017 – Implementação de um projeto piloto, com capacitação para a equipe diretiva em cinco Escolas da Rede Pública Municipal;
Ano de 2018:
De Marco/2018 á Setembro/2018 – Encontros mensais com as orientadoras educacionais das cinco escolas;
De Abril/2018 á Dezembro/2018 – As orientadoras educacionais das escolas promoveram a sensibilização da comunidade escolar (profissionais, alunos e família), bem como iniciaram os círculos restaurativos no espaço escolar;
De Setembro/2018 á Fevereiro de 2019 – Capacitação para as equipes diretiva das demais escolas;
Ano de 2019:
De Marco á Setembro 2019 – A supervisora da pasta de Orientação Educacional da Sede da Secretaria Municipal de Educação assumiu a capacitação com as orientadoras das escolas da Rede Pública Municipal de Educação;
Novembro/2019 – Levantamento das ocorrências junto às escolas da Rede Pública Municipal, para mensurar a eficácia do processo de Práticas Restaurativas;
Ano de 2020:
Fevereiro/2020 – Capacitação para retomada das ações, elaboração dos planos de convivência escolar para o ano letivo.

Financeiro:

Capacitação para equipe diretiva das escolas participantes do Projeto piloto de Práticas Restaurativas:
05 escolas (27 participantes) – Investimento de R$ 2.080,00 (dois mil e oitenta reais),
Capacitação para equipe diretiva das demais escolas participantes na Implementação do Projeto de Práticas Restaurativas:
14 escolas (45 participantes) – Investimento de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

Orçamento:

Total do Projeto: R$ 22.080,00 (vinte e dois mil e oitenta reais).

Beneficiários Diretos:

Os profissionais das 19 escolas da Rede Pública Municipal, quantificando 585 servidores e 6.700 alunos do Ensino Fundamental anos iniciais e Educação Infantil.

Beneficiários Indiretos:

Famílias dos alunos matriculados na Rede Pública Municipal de Educação das 19 escolas atendidas pelo projeto de Práticas Restaurativas.

Resultados:

Os resultados com a implantação do projeto foram à percepção da melhoria contínua do relacionamento entre alunos versus alunos; alunos versus professores; família versus escola.
Outros benefícios percebidos e mensurados pelos orientadores educacionais foram às mudanças comportamentais no acolhimento, abordagem e escuta ativa destas profissionais para com as crianças, o que desencadeou uma postura diferenciada perante uma situação conflituosa, tendo em vista a apreensão de habilidades que lhes permitem uma postura humanizada na mediação dos conflitos.
As ocorrências internas envolvendo alunos têm diminuído gradativamente durante a implementação do projeto, provocando mudanças atitudinais no ambiente escolar de forma sistêmica. Tais mudanças também contribuíram para um avanço significativo no resultado pedagógico de toda a Rede Pública Municipal, que com um ambiente escolar harmonioso favoreceu uma maior concentração dos estudantes, corroborando com resultados positivos como demonstrado pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, onde a Rede Pública Municipal alcançou na ultima avaliação do Ensino Fundamental, média 7,4.

Documentos Anexados:

- PRÁTICAS RESTAURATIVAS EMPREENDER NA MUDANÇA DE CULTURA DO AMBIENTE ESCOLAR POR MEIO DO VÍNCULO ENTRE ALUNO, FAMÍLIA E ESCOLA..pdf