Banco Estudantil
Ano / Edição: 2019
Município: Quarto Centenário
Função de Governo: Educação
Administração Indireta:
Prefeitura Municipal
Diagnóstico
Convivemos diariamente com o descaso da sociedade em relação à valorização e conservação do patrimônio público. Esse descaso reflete nos alunos que já dentro das escolas desvalorizam esse patrimônio, e com atos de vandalismo depredam o ambiente quebrando vidraças e carteiras, riscando as paredes e fazendo uso exagerado de materiais como cadernos, lápis e borrachas fornecidos pela escola em situações de emergência, demostrando falta de zelo e valorização pelos mesmos. Suja e danificada, a escola que era para ser um ambiente acolhedor acabou se tornando em um espaço desmotivador refletindo negativamente na aprendizagem dos alunos.
Na tentativa de explicar para os mesmos a origem dos recursos utilizados para repor tais objetos ou se investir em pequenas reformas, não conseguíamos atingir os objetivos, pois não compreendiam que quando se trata de patrimônio Público, os recursos são oriundos de impostos pagos pelos cidadãos, logo o gestor público apenas administra tais recursos, mas na realidade quem paga são os contribuintes, ou seja, os próprios pais.
Desse modo, pensou-se em uma metodologia de trabalho que levasse os alunos a vivenciarem a dinâmica de renda, administração de recursos e contribuição, chegando ao entendimento e valorização desses bens que é comum, mas também é de cada um em particular.
Este projeto está sendo desenvolvido estrategicamente no contra turno escolar onde atendemos alunos das séries iniciais das duas escolas da rede municipal de ensino (Sede e distrito), abrangendo um total de 300 alunos do 1º ao 5º anos e suas famílias.
Descrição
Assim como o trabalhador formal realiza a troca de seu trabalho por um determinado salário, o aluno será informado de que o estudo é seu trabalho, pelo qual receberão um salário mensal em moeda fictícia com diferentes valores diferentes para cada ano (1º ao 5º), como se fosse abono por tempo de serviço, para o qual a cada ano será acrescido uma porcentagem, ou seja, o 2º ano terá um abono de 10% sobre o salário do 1º ano, o 3º ano terá um abono de 10% sobre o salário do 2º a no, o 4º ano terá um abono de 10% sobre o salário do 3º ano e o 5º ano terá um abono de 10% sobre o salário do 4º ano.
Para estimular a compreensão do sistema monetário e as movimentações bancárias, será criado dentro do Projeto uma “Agencia Bancária” 9 pode funcionar na secretaria do Projeto), onde os alunos farão depósitos,, receberão pagamentos, farão aplicações, empréstimos etc.. Por essa dinâmica/movimentação os alunos aprenderão a calcular juros, descontos, porcentagens etc. desenvolvendo algumas habilidades matemática.
Para compreenderem a importância da economia como forma de aquisição de bens futuros o aluno será orientado a poupar um determinado percentual de seu “salário” a ser aplicado em uma “conta poupança” que ele acompanhará realizando os cálculos de juro mensal. Com o valor economizado e poupado, o aluno poderá adquirir bens de maior valor como: bicicleta, celulares ou passagem para algum passeio.
Os pagamentos dos salários serão organizados por dias úteis, sendo:
1º ano receberá no primeiro dia útil de cada mês;
2º ano receberá no segundo dia útil de cada mês;
3º ano receberá no terceiro dia útil de cada mês;
4º ano receberá no quarto dia útil de cada mês;
5º ano receberá no quinto dia útil de cada mês;
Após o pagamento, realizar-se-á uma feirinhana qual será comercializado produtos diversos, dando oportunidade aos alunos de priorizarem gastos eeconomizarem parte de seu “salário. Nas etiquetas de preços serão colocados o valor real do produto e o valor dos impostos para que ao final da compra possam calcular o quanto pagaram de impostos, levando-os a compreenderem a frase que os bens e patrimônios públicos são pagos com o dinheiro do próprio salario, instigando assim a valorizarem esses bens. Outra ação a ser desenvolvida em parceria com a Escola Municipal Germana Afonso Moleiro, diz respeito aos materiais que usam da escola como: lápis, caderno, borracha etc., estes que serão adquiridos com a moeda fictícia, não ganhos gratuitamente como tem ocorrido.
E finalmente, do mesmo modo que o trabalhador formal tem responsabilidades com a empresa onde trabalha os alunos também terão responsabilidades em relação a escola onde estuda e o Projeto de contra turno. Assim, se o aluno apresentar faltas sem justificativas ou muitos atrasos, será descontado um percentual em seu “salário”,( tabela 9.1 no anexo) mas também será acrescido uma mesma porcentagem como abono ou gratificação, caso este vá além em sua dedicação acadêmica (tabela 9.2 no anexo).
Cada professor regente receberá uma ficha individual dos alunos matriculados (tabelas 9.1 e 9.2) para que façam as anotações de descontos ou abonos. Esta ficha deverá ser entregue ao responsável pelo banco até o dia20 de cada mês para que este se organize em relação aos pagamentos.
Objetivos
Gerais:
Levar os alunos a compreenderem a dinâmica financeira, econômica e fiscal que circula no meio social e familiar, relacionando os ganhos salariais e as despesas do dia a dia, incentivando a valorização de seus bens materiais, a evitarem desperdícios ou gastos desnecessários, a reconhecerem no patrimônio público e dos próprios colegas uma extensão dos seus próprios bens, o que refletirá na apreciação do respeito e amizade.
Específicos:
- Desenvolver nos alunos o senso de responsabilidade e valorização tanto dos objetos pessoas quanto do patrimônio público;
- Estimular os alunos a priorizarem gastos e a economizarem;
- Trabalhar habilidades matemáticas através do uso cotidiano de débito, crédito, juros, porcentagens e descontos dados por situações problemas;
- apresentar o sistema monetário;
- Levar os alunos a compreenderem a dinâmica de arrecadação de IR embutido nas mercadorias, a forma de arrecadação (nota fiscal) e o destino dos recursos.
Metas a atingir:
Esperamos que ao se desligarem da rede Municipal, ou seja, ao concluírem o 5º ano do E.F. 100% alunos que participam do projeto sejam conhecedores das fontes de recursos que mantém a “máquina pública” (fontes mais comuns) e a importância na Nota Fiscal como garantia de arrecadação;
- Esperamos que a maioria dos alunos assistidoscompreendam a função social dos tributos e passem a valorizar os bens e serviços adquiridos com recursos públicos;
- Formação de cidadãos críticos e participativos na fiscalização e controle da distribuição de recursos e investimentos;
- Elevar o desenvolvimento acadêmico refletido nas notas em sala de aula;
- Ter ambiente livre da depredação, com espaço mais limpo e organizado;
- Diminuição do uso de materiais escolares emergenciais.
Cronograma
Físico:
Início do projeto: fevereiro/2019
Dia de pagamento: até o quinto dia útil de cada mês
Feiras para comercialização dos produtos: abril, julho e setembro/2019
Passeios: abril e setembro/2019
Encerramento: novembro/2019
Financeiro:
R$ 5.000,00 por ano.
Orçamento:
- Confecção de cédulas/ moedas fictícias;
- Papel sulfite;
- Tinta para impressora;
- objetos para serem comercializados na feirinha;
- Ônibus e gastos com passeios.
Beneficiários Diretos:
300 alunos matriculados na Rede Municipal de Ensino com atendimento do primeiro ao quinto ano da Escola Municipal Germana Afonso Moleiro e Escola Municipal Presidente Castelo Branco e Contra turno escolar Projeto Cidadãos do Futuro.
Beneficiários Indiretos:
Consideramos como beneficiários indiretos toda a comunidade do Município:
- Familiares que estão vivenciando e percebendo mudanças de comportamento nos alunos envolvidos onde os mesmos apresentam melhores noções de responsabilidade tanto no ambiente familiar como com relação ao ambiente escolar.
- Rede Escolar pela melhoria no desempenho dos alunos principalmente com relação a área de matemática uma vez que o Banco Estudantil tem incentivado e fortalecido a necessidade de os alunos desenvolverem o raciocínio lógico uma vez que para todas as atividades o cálculo matemático e o trabalho com os números está fortemente presente.
- Comunidade em geral: através da formação de cidadãos muito mais conscientes de seu papel enquanto geração futura, percebemos que em futuro próximo esse reflexo será melhor percebido. O aluno deixa de ser polpado dos assuntos financeiros que percebíamos ser um dos grandes entraves para uma melhor conscientização pessoal e passa a ser envolvido e conhecer toda a lógica financeira da qual ele é partícipe direto. Se queremos uma geração mais responsável é preciso que desde já comecemos a incutir nesses alunos as noções sobre seus direitos, mas sobretudo sobre os deveres que todos nós, cidadãos devemos honrar.
A sociedade em geral está acostumada a apenas cobrar do poder público sendo que este fator é muito claro em nossa geração e nas gerações anteriores e se quisermos uma mudança verdadeira, é preciso investir nesta geração de pessoas para tenhamos, quem sabe uma futuro um pouco mais promissor.
Resultados:
Embora o projeto tenha sido pensando a longo prazo, já observamos mudanças significativas que indicam estarmos no “caminho certo”. Atualmente a maioria dos alunos já conhecem alguns tipos de impostos, as formas de arrecadação e sua função social, o que os tornaram mais críticos e responsáveis.
Cientes da função social e a origem dos recursos, os alunos começaram a zelar pelos bens da escola, diminuindo significativamente a depredação e o mau uso dos bens comum, inclusive da água e luz.
Durante as feirinhas percebemos a preocupação em economizarem e a priorizarem gastos pensando em investimentos futuros. Outra ação importante observada na feirinha diz respeito à conscientização e exigência da nota fiscal fictícia, compreendida por eles como um direito.
Relatos de diversos familiares, traduzem o reflexo deste projeto uma vez que é visível no ambiente familiar e diário, a mudança de comportamento dos alunos onde cobram dos pais a economia da energia, não admitindo desperdícios como luzes acessas durante o dia, torneiras pingando e pedem que os pais ao realizarem compras, exigirem a nota fiscal.
Percebemos ainda elevação no desempenho escolar principalmente na disciplina de matemática.