Banco de Projetos

PROJETO VIDA NA HORTA.

Ano / Edição: 2017
Município: Ribeirão Claro
Função de Governo: Agricultura

Administração Indireta:

Sim

Diagnóstico

O Território Integração Norte Pioneiro está localizado na região conhecida como Norte Pioneiro do Paraná. Corresponde a uma área de 10.436.35 Km2 de extensão, o que equivale a cerca de 5,2% da área total do Estado do Paraná. Localizada entre o Segundo e o Terceiro Planalto Paranaense, faz divisa ao norte e oeste com o município de Cornélio Procópio; ao sul com Território Caminhos do Tibagi e Ponta Grossa; ao leste com o Estado de São Paulo. (IPARDES, 2009).
Hoje o grande desafio é a gestão direcionada dos trabalhos pautados no perfil e nas necessidades da população, para isso é que as atenções se voltam para a implementação do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável, elaborado a partir das discussões, particularidades, prioridades e objetivos do Território, sob diferentes dimensões do desenvolvimento.
Todas as ações organizadas do Território têm como objetivo a erradicação da fome e da pobreza extrema por meio da estruturação da Agricultura Familiar, micro empreendimentos e empreendimentos de economia solidária, de forma que as famílias possam ter garantidas condições de vida e saúde, trabalho e renda, educação, lazer e cultura.
Na Dimensão Ambiental o Eixo Estratégico é a Sustentabilidade e tem seu foco nas ações de Meio Ambiente, principalmente através da Educação Ambiental e na preservação dos recursos naturais, promovendo o saneamento rural e destinação dos resíduos sólidos. Também é objetivo deste Eixo o incentivo a produção agroecológica, a produção de energia renovável, o Ecoturismo como alternativa de renda, a arborização urbana e o cumprimento a Legislação Ambiental.
A Agricultura no Território é muito mais do que uma opção de atividade econômica, é uma verdadeira identidade do povo que é retratada nos dados populacionais que apresentam ainda um grande número de pessoas que residem no espaço rural. São famílias que nasceram e cresceram no campo e são responsáveis pela maior parte da produção de alimentos das 17.065 propriedades de Agricultura Familiar distribuídas pelos 29 municípios. O povo residente, tanto nas cidades como no campo, têm tradição na agricultura, cultivando a terra e vivendo dela, fato que caracteriza a região como tipicamente rural, não somente pela classificação do Governo Federal que afirma que os municípios com menos de 50.000 habitantes são considerados como rurais, mas porque de fato toda economia que move o mercado local é proveniente das atividades do campo.
A principal cultura produzida desde o inicio do século passado é o café, onde segundo dados do DERAL/SEAB (2013), a atividade gerou R$ 380.140,00. Também são importantes culturas leite, a fruticultura e a olericultura resultante da CA, Diversificação da produção em áreas da agricultura familiar. Outras culturas como soja, milho, cana, gado de corte, também contribuem para o PIB do território e são principalmente oriundas da agricultura empresarial. Com clima e solos favoráveis para produção de várias culturas, o que falta é a organização da produção para que a agricultura otimize suas ações e desencadeie um processo de desenvolvimento sustentável no Norte Pioneiro.
As estradas de acesso são um problema em todos os municípios do Território, pois as máquinas e equipamentos disponíveis não são suficientes para manter o grande número de quilômetros de estradas em bom estado de trânsito, havendo a necessidade de investimentos imediatos para garantir o acesso às propriedades.
Não é a área da Agricultura a única a apresentar problemas, a Educação cada vez mais se distancia do campo, o currículo não contempla disciplinas específicas, os professores não tem formação adequada para promover a Educação do Campo, mostrando também aos alunos da cidade a grande oportunidade de trabalho que existe nas propriedades rurais. Os filhos dos produtores não têm mais escolas rurais e se deslocam para as cidades necessitando de transporte escolar. São poucos os Colégios Agrícolas e as Casas Familiares existentes são de difícil acesso para os municípios mais distantes, os jovens não tem opção de ensino técnico voltados à agricultura e o Ensino Superior existente tem poucas vagas e poucos cursos voltados para as ciências agrárias. Aos poucos vai se criando uma imagem do campo pouco atrativa para as crianças e jovens que são distanciados da identidade rural e a cultura vai se perdendo.
Porém é preciso pensar na permanência destas famílias no campo, fato que exige uma infraestrutura de apoio à produção, bem como a oferta de serviços sociais básicos, que hoje é precário e insuficiente, mesmo sendo as atividades do campo a grande responsável pela sobrevivência econômica das cidades.
No que diz respeito ao Meio Ambiente a situação é crítica, são poucos os municípios que possuem Secretaria de Meio Ambiente e os municípios que possuem não contam com estrutura alguma para realizar corretamente o trabalho, não possuem carros nem equipamentos, os dados e informações são poucos e o passivo e os problemas ambientais são grandes: a destinação do lixo, o saneamento básico, a proteção de nascentes e dos lençóis freáticos, entre outros. Para serem solucionados exigem grandes investimentos que os municípios têm buscado amenizar através dos Consórcios Intermunicipais de Aterro Sanitários, mas que ainda estão muito longe de atingirem a problemática ambiental como um todo.
Investir na Agricultura Familiar é promover uma atitude sustentável que precisa de apoio para se tornar uma atividade muito mais produtiva e lucrativa para o produtor rural, mas para isso é preciso à profissionalização e o enquadramento dos produtores nos programas e recursos destinados pelo governo, garantindo o acesso a terra, incluindo também as famílias em extrema pobreza nas oportunidades de trabalho, investindo na comercialização para que o lucro de todo trabalho não fique nas mãos de atravessadores, otimizar o acesso ao PAA, PRONAF e PNAE injetando recursos na economia local para expandir gradativamente para outros mercados e redes de comercialização da produção originada na Agricultura Familiar do território.

Descrição

Quando o prefeito Mário Augusto Pereira foi o administrador público em dois mandatos seguidos (de 1997 a 2004), foi realizado o fomento da agricultura orgânica. NO ano de 2003, foram realizados treinamentos com o SENAR, inclusive o curso de empreendedor rural da FAEP – Federação da Agricultura do Estado do Paraná, produtores do município apresentaram um projeto de unidades demonstrativas de agricultura orgânica que foi premiado no nível estadual. No ano de 2008, apenas três propriedades, num universo de cerca de 550 propriedades e cerca de 1500 produtores rurais trabalhavam a agricultura orgânica. Neste ano foi iniciado o projeto para a transformação do município de Ribeirão Claro num polo de agricultura agroecológica, a médio e longo prazo.
O projeto "Vida na Horta" foi desenvolvido no município de Ribeirão Claro, Estado do Paraná, quase divisa com São Paulo, situado a aprox. 500 km da capital paranaense e a 400 km da capital paulista, O município possui aproximadamente 11.000 habitantes, grande concentração de imigrantes italianos e árabes, tendo completado 100 anos de existência em maio de 2008. Para o desenvolvimento de suas atividades existe a participação das instituições locais e regionais como a EMATER, SEBRAE, Prefeitura Municipal, com atuação das secretarias municipais de agricultura e da educação, Instituto Ventura, Sindicato Rural, NAPS — Núcleo de Aprendizagem Paulo Sogayar; também instituições nacionais como a Fundação Banco do Brasil. Ministério do Desenvolvimento Agrário, FZEA/USP — Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo, e recentemente o apoio da FAO, sem o qual não seria possível desenvolver as atividades de segurança do alimento e estudos de mercados curtos de comercialização.
Em maio de 2009, com cerca de 120 participantes, para divulgar a ideia geral do projeto, prazos e demais informações, houve a apresentação do projeto pelos parceiros e também um teatro sobre produção sem agrotóxicos. Para a confraternização foi realizado um lanche com alimentos preparados por voluntários, utilizando vegetais, com o aproveitamento integral destes, como o uso de casca, folhas e talos.
Ao final da reunião, os agricultores preencheram uma ficha de interesse para posterior contato para treinamento. As inscrições ficaram abertas por mais 30 dias para cadastrar pessoas que não puderam ir ao lançamento. Foi solicitado que os presentes fizessem o "boca a boca" para um alcance maior.
Prospecção e seleção das famílias — das famílias cadastradas após a reunião (cerca de 120 famílias), foram selecionadas 25 famílias com base na disponibilidade para participar no treinamento.
 Capacitação na tecnologia social PAIS — Produção Agroecológica Integrada e Sustentável: o primeiro treinamento foi realizado pelo Eng. Agr. Aly Ndiaye, que é senegalês e autor do projeto PAIS, uma metodologia cadastrada como prática sustentável no Banco de Dados da Fundação Banco do Brasil. Essa metodologia foi implantada com o intuito de subsistência em outras regiões no Brasil, mas pela primeira vez, na região sul do Brasil, tem um caráter de geração de renda.
A primeira horta foi construída na Fazenda Platina, para servir de modelo para as próximas unidades. Ocorreram mais três treinamentos, até março de 2010, atendendo 65 famílias. Além do treinamento prático de cinco dias, também se faziam os esclarecimentos sobre as dúvidas e contrapartidas, além de assinatura do termo de compromisso de seguir as recomendações e reuniões propostas.
 Unidade Demonstrativa: foi essencial para demonstrar a tecnologia proposta.
 Capacitação: foram realizadas capacitações nos temas de agricultura orgânica, associativismo, comercialização e gestão administrativa e financeira para fortalecer o empreendedorismo das famílias envolvidas e criação da Associação de Produtores. O SENAR, Sindicato Rural e o SEBRAE foram essenciais para os cursos e consultoria.
A EMATER foi parceira na mobilização, e assistência técnica após treinamentos.
Realizaram-se reuniões semanais para tratar assuntos relativos ao processo de produção, certificação e mercado, culminando na fundação da Associação de Agricultores de Produtos Orgânicos, em março de 2010 e recebeu título de utilidade pública em novembro de 2012. Hoje há reuniões mensais com os mesmos temas.
 Certificação: a certificação é realizada pelo Programa Paranaense de Certificação de Orgânicos, com acompanhamento dos técnicos da Universidade Estadual do Norte do Paraná sediados no NEAT (Núcleo de Estudos em Agroecologia e Territórios) e auditado pela TECPAR para a verificação das conformidades. Hoje a associação agenda diretamente com o NEAT todas as visitas.
A EMATER trabalha no processo como assistência técnica para implantação das atividades e especialmente atua com o produtor nas medidas corretivas e de organização de documentações necessárias.
 Setor Comercial: foram definidos canais de comercialização e mobilização para atender padrões exigidos pelos mercados, foi consolidada parceria com prefeitura para comercialização dos produtos na merenda escolar, além do contrato de comodato firmado entre a APO e o Município para exploração do Barracão construído de 250 m2, que funciona como sede da APO, onde recebe toda a produção tanto para o comercio local, como para os programas, onde é feita a triagem e embalagem dos orgânicos neste local, também foi cedido caminhão com baú refrigerado para transporte da produção nas cidades vizinhas.
Existe um produtor que atua como vendedor da associação, junto ao comercio local e na cidade de Ourinhos/SP, e Jacarezinho/PR. A associação também contratou um auxiliar administrativo, filho de agricultor familiar.
Foram realizadas consultorias sobre o assunto com apoio da FAEP e SEBRAE, os agricultores não eram produtores de olerícolas e muito menos de orgânicos, além de nunca terem trabalhado diretamente com a comercialização e associativismo no mercado de olerícolas.
 Desenvolvimento de embalagem: para cada mercado o nível de processamento e necessária é uma atividade constante. Os produtos que começaram a despontar, como a mandioca refrigerada e couve picada tiveram seus rótulos de acordo com a legislação. Os códigos de barras e conteúdo nutricional são fornecidos pelo Programa Fábrica do Agricultor, que na região tem a AFANOPI – Associação das Fábricas do Agricultor do Norte Pioneiro como braço direito.
 Capacitação para manipulação de alimentos: houve vários treinamentos sobre processamento de vegetais, sendo que a funcionária da associação foi devidamente treinada para o conhecimento de procedimentos da limpeza do ambiente, sanitização de vegetais, processo de desidratação e embalamento.
 Organização de logística e distribuição: dentro do tema foi discutida com os produtores urna forma estruturada para escoamento e suas necessidades. Foi escrito projeto sobre a iniciativa e se pleiteou um caminhão baú refrigerado para a distribuição da produção. A APO contratou um motorista que distribui os produtos comercializados.
 Equipamentos para processamento: foram adquiridos equipamentos para processamento mínimo de vegetais, desidratação, produção de doces e conservas, com recursos da Fundação Banco do Brasil. Os equipamentos estão instalados no barracão, que apesar da necessidade de adequações, serve de modelo para muitos projetos da região.
 Rede Agroecológica do Norte Pioneiro — Chamada REDES ECOFORTE: não há ainda na região uma rede formada oficialmente entre agricultores familiares, cujo sistema de produção se caracterize como orgânico. Foi elaborado o projeto dar início à formatação de REDE DE PRODUÇÃO ORGÂNICA DO NORTE PIONEIRO, com os municípios de Ribeirão Claro, Carlópolis, Jaboti, Jacarezinho, Ibaiti, Pinhalão e Ribeirão do Pinhal, sendo a APO sua proponente.

Objetivos

Gerais:

Implantar um polo de agricultura sustentável no Município de Ribeirão Claro, localizado no Norte Pioneiro do Paraná, beneficiando famílias de pequenos produtores rurais através do processo de produção orgânica.

Específicos:

• Incentivar pequenos agricultores locais, para o plantio e manuseio de hortas orgânicas, para aumento da renda econômica destas famílias;
• Utilizar a mão de obra existente no meio rural, para realização novas culturas;
• Oferecer as famílias de pequenos agricultores projetos sustentáveis, para que permaneçam no meio rural evitando assim o êxodo rural;
• Agregar valor no produto pelo processamento mínimo de vegetais e legumes;
• Implementar um projeto de vendas de cestas direto ao consumidor.

Metas a atingir:

• Processar 300 toneladas de mandioca
• Venda de 100 cestas diretamente ao consumidor
• Atender o mercado da merenda municipal e estadual
• Atender o comércio local e regional
• Aumentar em 50% o número de agricultores familiares certificados orgânicos
• Implantar 5 unidades demonstrativas de sistema agro florestal.
• Aumentar em 30 % as áreas certificadas das hortas atuais
• Aumentar em 20 % o volume de alimentos processados como banana passa, tomate seco, doces e pães

Cronograma

Físico:

Durante o ano de 2008 foram realizadas reuniões lideradas pelo NAPS, no intuito de formalizar parcerias e escrever um projeto de forma participativa, para a implantação de um polo de agricultura orgânica. Foi escrito o projeto que se intitulou "Vida na Horta".

Financeiro:

O valor comercializado pela APO está em torno de R$ 100.000,00 nos programas Escolares, com cerca de 40 toneladas de produtos fornecidos, no ano de 2014. (atualizar valores)
Nos mercados locais e regionais, estima-se R$ 250.000,00 por ano.
• PRORURAL: No ano de 2017, a associação possui um projeto no valor de R$ 215.000,00 junto ao governo estadual. Este projeto será aplicado para adequar o barracão, especialmente para o processamento da mandioca e equipar a Associação para a entrega das cestas ao consumidor.

Orçamento:

R$ 350.000,00 por ano.

Beneficiários Diretos:

Diretos:
Famílias residentes em pequenas e médias propriedades rurais.

Beneficiários Indiretos:

Indiretos:
Toda comunidade local e regional

Resultados:

Benefícios gerados na renda do agricultor, podendo chegar a R$ 600.000,00 pela venda de 300 mil quilos de mandioca descascada, mais R$ 40.000,00 referente ao projeto da merenda municipal, e os mercados do município, e cidades vizinhas de Jacarezinho e Ourinhos é estimado em R$ 250.000,00. Existe o mercado porta a porta e feiras, que ainda não temos uma estimativa apurada.
O maior benefício é a qualidade de vida das famílias e ao meio ambiente, devido a não utilização de agroquímicos e preservação do solo e da água.
A associação possibilita a organização do trabalho,
O impacto benéfico na paisagem do município que deve ser considerado no desenvolvimento do turismo, atividade importantíssima no município.
Os benefícios do uso das técnicas agroecológicas, além dos benefícios já listados, atinge também a saúde dos consumidores.
O projeto “Vida na Horta” tem se demonstrado eficiente para a produção e comercialização, sendo referencia para a região se consolidar como polo de agricultura orgânica e preservação do meio ambiente, sem a associação dos produtores orgânicos de Ribeirão Claro, este objetivo não seria atingido.

Anexos

Banco de Projetos